O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que o mundo enfrenta hoje "uma situação complexa na Ucrânia, com interpretações diferentes sobre o que lá se passa".
"Mas não há limites para a possibilidade de realizar um diálogo muito sério sobre a melhor maneira de minimizar o sofrimento das pessoas", sublinhou no início do encontro com Lavrov, em Moscovo, onde depois se reunirá com o Presidente russo, Vladimir Putin.
"Estamos profundamente interessados em fazer tudo o que for possível para acabar com a guerra na Ucrânia o mais rapidamente possível e para minimizar o sofrimento das pessoas e reduzir o impacto em grupos vulneráveis noutras partes do mundo", assegurou Guterres.
O chefe da diplomacia russa salientou por seu lado que Moscovo reagiu rapidamente à iniciativa de Guterres e concordou em falar de uma série de questões importantes, "incluindo a situação em torno da Ucrânia, que catalisa os múltiplos problemas acumulados nas últimas décadas na região euro-atlântica".
"Valorizamos, nestes tempos difíceis, a sua vontade de avaliar seriamente como aplicar o princípio do multilateralismo, questionado abertamente nos últimos anos pelo Ocidente, que infelizmente procurou criar e eternizar o mundo unipolar", declarou o chefe da diplomacia russa.
Segundo Lavrov, "a verdadeira multipolaridade deve basear-se nos estatutos da ONU que estabelecem os princípios da igualdade soberana dos Estados", ao que Guterres respondeu que a ONU está "muito comprometida com o multilateralismo".
O chefe da diplomacia russa referiu ainda que o secretário-geral das Nações Unidas vai reunir-se hoje com o Presidente russo, Vladimir Putin, "o que sublinha mais uma vez a importância que Moscovo atribuí ao diálogo com os parceiros da ONU".
Guterres sublinhou que a ONU está "muito interessada em encontrar formas de criar condições para um diálogo eficaz, para um cessar-fogo o mais rápido possível e para criar condições para uma solução pacífica".
Acrescentou que as Nações Unidas estão interessadas em minimizar o impacto que o conflito pode ter noutras partes do mundo que, a par das consequências da pandemia da covid-19, podem ver-se afetadas pelo aumento dos preços dos produtos alimentares e energéticos.
Antes, à chegada a Moscovo, o secretário-geral das Nações Unidas pediu um cessar-fogo na Ucrânia “o mais rapidamente possível”.
Após a visita a Moscovo, Guterres vai ser recebido, na quinta-feira, em Kiev, pelo chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,16 milhões para fora do país, ainda de acordo com a organização.