A greve dos médicos na Região Autónoma da Madeira regista uma adesão de 80% ao nível hospitalar, informou hoje a direção regional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), realçando que algumas consultas encontram-se fechadas a 100%.
"Estamos a fazer uma estimativa global ao nível hospitalar que ronda os 80%. No entanto, se quisermos particularizar, o bloco operatório está praticamente todo fechado, temos consultas fechadas a 100%, outras a 80% e outras ainda a 50%", disse à agência Lusa a dirigente Lídia Ferreira.
O Serviço de Saúde da Madeira (SESARAM) não confirma, contudo, estes números, adiantando que ainda é "cedo" para fazer o balanço da greve de 24 horas, convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e Federação Nacional dos Médicos (FNAM) para a zona Sul e regiões autónomas.
"Uma greve provoca sempre transtornos, mas os serviços mínimos estão garantidos, bem como o acompanhamento nos serviços", disse Tomásia Alves, presidente do SESARAM, vincando que "ninguém fica por atender nestes casos".
A responsável sublinhou que ainda não é possível avançar com números em relação ao impacto da paralisação ao nível hospitalar, mas revelou que nos Centros de Saúde a adesão era de 27%.
A Lusa constatou um ambiente calmo e sem queixas por parte dos utentes em dois centros de saúde da capital madeirense – Nazaré e Santo António -, que cobrem áreas de grande densidade populacional, e encontrou um cenário semelhante também nas consultas externas do Hospital Central do Funchal.
"Temos tido a devida cortesia para com os doentes, porque a greve não é para prejudicar os doentes, mas para podermos falar de algo extremamente importante, que são as pessoas que estão envolvidas no sistema diariamente e que veem as falácias do sistema e a iminência de rotura", disse Lídia Ferreira.
A sindicalista salientou que o objetivo é "chamar a atenção" dos gestores do Estado, para "atuarem preventivamente e não continuarem a tapar o sol com a peneira", realçando que o sistema público de saúde em Portugal é "mais uma floresta numa iminência de incêndio".
Lídia Ferreira sublinhou ainda que a greve envolve um universo de 297 médicos hospitalares e 121 ao nível dos centros de saúde.
A greve foi convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e Federação Nacional dos Médicos (FNAM) face à ausência de resposta do Governo às propostas dos sindicatos, que se prendem com redução de horas extraordinárias anuais obrigatórias (matéria em que houve acordo), as chamadas horas de qualidade (durante a noite), redução do trabalho de urgência (de 18 para 12 horas semanais) e redução da lista de utentes por médico de família (dos atuais 1.900 para 1.500).
De acordo com o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, a greve que no dia 11 na região Norte teve uma adesão de 90% nos hospitais e de 80 a 85% nos centros de saúde.
Os sindicatos médicos decidiram suspender a greve que estava prevista para dia 18 na região Centro do país devido aos incêndios que atingiram aquela zona.
LUSA