“Nós estamos muito atentos àquilo que são as múltiplas queixas que as gerações mais jovens, incluindo os estudantes de ensino superior, têm feito em relação a um certo sofrimento relacionado com a saúde mental que terá sido muito agravado pelo contexto da pandemia” e pelo isolamento a que obrigou e que “é percecionado pelos jovens de forma ainda mais violenta”, afirmou Manuel Pizarro aos jornalistas.
O ministro falava à margem do I Encontro “Pausa Para a Saúde Mental: Uma reflexão no Ensino Superior” que está a decorrer na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
O governante sublinhou que a situação também foi agravada por se ter “saído da pandemia para um mundo marcado pela instabilidade causada pela guerra, uma guerra violenta originada pela invasão da Rússia na Ucrânia como todas as suas consequências sociais, económicas, políticas”.
“A verdade é que há um agravamento das queixas no domínio da saúde mental entre os mais jovens e também um aspeto que se pode dizer, enfim positivo, que é o facto de haver menos estigmas. As gerações mais jovens verbalizam mais esta queixa do que era habitual na sociedade portuguesa e esse aspeto, apesar de tudo, é um aspeto que nós relevamos como algo de importante”, declarou.
Manuel Pizarro defendeu que as queixas dos jovens precisam de “uma resposta articulada”, que não seja apenas do sistema de saúde. "Embora o sistema de saúde tenha o seu papel nesta resposta, tem que haver uma resposta na comunidade”.
“Muitas destas queixas são, felizmente, queixas de menor gravidade clínica e têm de ser tratadas com proximidade, com solidariedade e o que nós entendemos é que era muito útil que, entre as instituições de ensino superior, e o ministério que tutela o Ensino Superior, o Ministério da Saúde e o SNS, com o envolvimento dos próprios jovens e das suas associações, fosse criado um plano global de intervenção para os problemas da saúde mental no ensino superior”, dando “uma maior expressão às múltiplas iniciativas que as universidades e o SNS já tomaram de ‘per si”, avançou.
Na sua intervenção no encontro, o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, adiantou que foi recentemente criado um grupo técnico conjunto a quem foi pedido um conjunto de orientações, recomendações e indicações para a criação do plano e para identificar “a forma mais eficaz de atuar nesta área”.
“Pedimos alguma urgência para que nos entregassem os resultados até maio, junho, para que possamos avançar rapidamente”, disse Pedro Nuno Teixeira.
Presente na sessão de abertura do encontro, o diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Rui Tato Marinho, afirmou que a sua principal preocupação neste momento é a saúde mental dos profissionais de saúde e dos alunos.
“Os doentes existem, os utentes existem, são cada vez mais, cada vez mais complexos. Agora se eu não tiver profissionais de saúde com bem-estar, com as vidas equilibradas, com segurança psicológica vai ser muito difícil assegurar um sistema de saúde público e privado em condições e com qualidade. Por isso, a minha principal preocupação é dar instrumentos de segurança psicológica aos vários profissionais de saúde”, sublinhou Rui Tato Marinho.