“Por norma, o que acontece é que quando os furacões se dirigem a esta zona do Atlântico Norte, tendo em conta que a temperatura da água do mar diminui significativamente e os ventos em altitude atuam em sentido contrário ao furacão, a tendência é para irem diminuindo de intensidade, o que está a acontecer com o ‘Lorenzo’”, afirmou hoje à agência Lusa a meteorologista.
A especialista recordou que o furação “Lorenzo” já atingiu a categoria 5 (a máxima) da escala de Saffir-Simpson, estando neste momento com categoria 2, sendo a tendência “ir perdendo a intensidade consoante se aproxima do arquipélago”.
Vanda Costa salvaguardou, contudo, que este furacão é “bastante forte”, registando “bastante atividade”. Há a “possibilidade muito pequena de passar nos Açores já como tempestade tropical”, devendo passar com categoria 1.
A passagem deste tipo de fenómeno, sublinhou, “não é inédita” nos Açores, sendo justamente “mais provável” de acontecer em setembro e outubro.
Apesar de “não serem recorrentes” nos Açores, estes fenómenos “não são anormais”, segundo a meteorologista, não sendo fácil quantificar o número de furacões que passam no arquipélago.
Vanda Costa referiu que este não é, “de todo”, o furacão com maior intensidade que irá passar nos Açores, mas “é um dos mais intensos”, recordando o recente furacão de categoria 3, o “Ofélia”, que passou ao largo da ilha de Santa Maria.
“A diferença a que estamos a assistir é que não é o número de furacões que tem aumentado com a influência das alterações climáticas, mas a intensidade com que chegam à região”, explicou.
O furacão “Lorenzo”, que hoje passou à categoria 2, encontrava-se de manhã a aproximadamente 1.800 quilómetros a sudoeste dos Açores, mas está prevista uma “diminuição da intensidade nos próximos dias”.
Segundo um comunicado emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), às 09:00 o furacão – que na noite de domingo era descrito como de categoria 4 e já teve outras classificações – deslocava-se “para norte/nordeste a uma velocidade de 20 quilómetros por hora".
"Mantendo-se as previsões da trajetória, o centro do furacão deverá passar muito próximo do grupo Ocidental (Flores e Corvo), afetando assim todo o arquipélago na próxima quarta-feira", lê-se no comunicado assinado pela meteorologista Elsa Vieira, da delegação dos Açores do IPMA.
No entanto, "devido à distância a que o furacão se encontra", o IPMA reitera que "existe ainda incerteza relativamente à trajetória exata e à respetiva intensidade com que poderá atingir o arquipélago".
C/ LUSA