No dia em que toma posse como bastonário dos Farmacêuticos, Hélder Mota Filipe disse que estes profissionais devem ser considerados não só no caso da vacinação, como também na gestão da maior carga de doença que a população já está a apresentar.
“Não se aceita que não se aproveite toda a capacidade instalada para dar resposta a uma necessidade de saúde pública”, disse à Lusa o responsável, sublinhando: “Os farmacêuticos são uma peça importante numa resposta adequada à pandemia e serão também importantes numa resposta adequada após pandemia”.
Helder Mota Filipe referiu que “tudo o que servir para tirar pressão do Serviço Nacional de Saúde é positivo” e insiste: “vamos todos perceber que precisaremos de toda a ajuda disponível para gerir o pós pandemia, com doenças agravadas, com atrasos no diagnóstico e rastreios atrasados".
“O sistema de saúde, e nomeadamente o Serviço Nacional de Saúde, está já a ser confrontado com uma maior pressão”, acrescentou.
Defendeu que “tem de haver planeamento e uma estratégia clara relativamente à gestão da pós-pandemia, que deve incluir todo o potencial que os farmacêuticos comunitários têm na resolução de um conjunto de situações que, de outra maneira, irão aumentar a pressão sobre os cuidados de saúde primários e as urgências hospitalares”.
“É fundamental que se aproveitem todos os recursos disponíveis. Já devíamos ter aprendido a lição”, acrescentou.
O novo bastonário dos farmacêuticos reconheceu que a classe se foi afastando da Ordem, “provavelmente por défice de comunicação ou por alguma dificuldade da Ordem em mostrar-se verdadeiramente útil nos aspetos que os farmacêuticos consideravam importantes”, designadamente no que se refere à oferta formativa e ao apoio deontológico.
“Apesar de estas eleições terem sido as mais participadas de sempre, também foram as com mais listas envolvidas e, mesmo assim, a taxa de abstenção rondou os 60%, o que mostra uma fraca apetência para o envolvimento dos profissionais com a vida da ordem”, explicou.
Para bem do futuro da profissão, defendeu que a Ordem dos Farmacêuticos deve ter uma política de maior transparência, maior utilidade e maior proximidade.
“É importante que se trabalhe melhor a oferta formativa, mas também um conjunto de outros serviços úteis ao farmacêutico, assim como maior transparência nos processos de decisão, na forma como se desenvolvem as atividades da ordem, para que os farmacêuticos sintam que sabem o que se passa na ordem, não se sintam afastados e não tenham a sensação de que o único contacto com a ordem é o pagamento de quotas”, afirmou.
Uma das preocupações vai para a classe mais jovem e, para os envolver, vai ser criado um Conselho da Juventude Farmacêutica, “no figurino do ‘Health Parliament’, que permita que representantes das diferentes organizações de jovens farmacêuticos que exerçam em diferentes atividades façam parte do conselho, discutam o que entendam e apresentem propostas à direção nacional”.
“É preciso envolvê-los, mudando a Ordem por dentro”, sublinhou Helder Mota Filipe, que hoje toma posse para um mandato de três anos, no final do qual conta ter pronta a renovação e ampliação da sede da Ordem dos Farmacêuticos, uma obra que já arrancou e à qual diz ir estar “muito atento”.
“É o maior investimento que a Ordem alguma vez já vez. Estaremos muito atentos para evitar derrapagens, quer em termos de calendário quer financeiros”, concluiu.