Esta é a conclusão do mais recente “estudo aprofundado” do Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência (EMCDDA, na sigla em inglês) e da Europol hoje apresentado em Bruxelas, e que reúne dados recolhidos entre 2018 e 2020.
O estudo refere que “o papel da Europa na produção e no comércio internacional de droga está a mudar” e aponta para “o aumento das atividades de produção” destes estupefacientes.
“A análise abrange as tendências ao longo da cadeia de abastecimento, desde a produção e o tráfico, até à distribuição e ao consumo. Descreve um mercado de cocaína vasto e em expansão e um mercado de metanfetamina atualmente pequeno, mas, em constante crescimento na UE”, destaca o relatório.
Alerta igualmente para o aumento da ameaça que a inovação representa nos processos de produção e nos precursores químicos, bem como para o aumento da gama de produtos que podem ser perigosos para os consumidores.
Dados recentes publicados no estudo sugerem também que grandes quantidades de cocaína em pó foram processadas na Europa a partir de produtos intermediários, como a pasta de coca e a base de cocaína, alguns destes contrabandeados da América do Sul em materiais de transporte (como carvão, plásticos) e extraídos posteriormente em instalações especializadas.
A disponibilidade de grandes quantidades de base de cocaína e de pasta de coca na Europa cria um risco de emergência de novos produtos de cocaína fumável (exemplo do ‘crack’) nos mercados de consumo europeus, representando "riscos sanitários e sociais consideráveis".
A este propósito, o diretor do EMCDDA, Alexis Goosdeel, afirma que existe “uma ameaça crescente” de um mercado “mais diversificado e dinâmico, impulsionado por uma colaboração mais estreita entre organizações criminosas europeias e internacionais”, que resultou em “níveis recorde de disponibilidade de drogas, aumento da violência e da corrupção e maiores problemas de saúde”.
O diretor da agência europeia sediada em Lisboa lembra que “a Europa é uma importante região produtora de drogas sintéticas”, tanto para os mercados internos como externos, e, “cada vez mais, um ponto de transbordo importante para drogas provenientes de outros locais e destinadas a outras partes do mundo”.
“Quer no caso da cocaína como no da metanfetamina, há provas de que grupos criminosos da América Latina e da Europa são parceiros na produção, no tráfico e na distribuição”, garante Goosdeel.
Por seu turno, a diretora-executiva da Europol, Catherine De Bolle, refere que “o comércio de drogas ilegais continua a dominar a criminalidade grave e organizada na UE e perto de 40% das redes criminosas internacionais reportadas à Europol estão ativas no tráfico”.
As conclusões hoje apresentadas em Bruxelas baseiam-se em dados e informações do sistema de monitorização de droga do EMCDDA e em informações operacionais da Europol sobre a criminalidade organizada.
De acordo com a mesma responsável, é necessário “identificar rapidamente ameaças emergentes para a saúde e segurança, investir na capacidade forense e toxicológica para acompanhar a inovação, visar a cadeia de abastecimento de drogas ilícitas e reduzir as vulnerabilidades nas fronteiras externas”.