Dois dias depois de terem imposto sanções à empresa estatal petrolífera venezuelana, PDVSA, que impedem empresas norte-americanas de lhe comprar crude, os EUA alargam agora o pedido de boicote a qualquer empresa mundial que procure fazer negócio com petróleo ou ouro oriundos da Venezuela, numa tentativa de condicionar o governo do Presidente Nicolas Maduro.
“O meu conselho para banqueiros, corretores, comerciantes e outras empresas é que não negoceiem ouro, petróleo ou outras matérias primas que a máfia de Maduro está a roubar ao povo venezuelano”, afirmou hoje John Bolton, na sua conta de Twitter.
O assessor do Presidente norte-americano, Donald Trump, não entrou em pormenores sobre quais serão as represálias, nem se estas medidas constituirão sanções adicionais às empresas que negoceiam com o regime de Nicolas Maduro, como os EUA fizeram com empresas estrangeiras que compravam petróleo ao Irão.
Este aviso de Washington acontece dias depois de o presidente da PDVSA, Manuel Quevedo, ter anunciado que a empresa estatal modificará os seus procedimentos contratuais, por “razões de força maior”, referindo-se às sanções impostas pelos EUA.
Tal como acontece com o petróleo, os EUA acreditam que o negócio do ouro é outro dos pilares de financiamento do governo de Maduro, em particular através das vendas de toneladas deste metal precioso à Turquia, um dos aliados do regime.
Em novembro de 2018, o governo do Presidente Donald Trump já tinha anunciado sanções contra os cidadãos e as empresas que fizessem "transações fraudulentas e corruptas" com ouro venezuelano, mas nessa altura não impuseram restrições comerciais lícitas neste setor.
Quanto às sanções contra a PDVSA, de acordo com especialistas, elas permitirão diminuir de forma grave os fundos da Venezuela, um país que extrai do petróleo quase 96% da sua receita nacional.
A Casa Branca diz não estar preocupada com a possibilidade de que a Venezuela possa procurar mercados alternativos para contornar as sanções dos Estados Unidos.
O responsável norte-americano pela área da América Latina no Conselho de Segurança Nacional, Mauricio Claver-Carone, afirmou que “o tipo de petróleo venezuelano só pode ser refinado nos Estados Unidos, é um crude muito específico, é um crude espesso, que poucos países podem refinar".
Contudo, empresas asiáticas, nomeadamente da Índia e da China têm aumentado as suas importações de petróleo venezuelano, nos últimos anos, e o Presidente Nicolas Maduro realizou em setembro passado uma visita a Pequim onde estabeleceu vários acordos comerciais, nomeadamente no setor petrolífero, para aumentar as vendas de crude às empresas refinadoras chinesas.
LUSA