A iniciativa, a realizar na Madeira, "consiste no desenvolvimento de um projeto de aquacultura para a produção de lapa", explicou Sara Vieira, da Go Invest.
"Pretendemos completar o ciclo de vida da lapa, porque ainda não foi feito, não existe nenhum estudo sobre isto e depois criar um protótipo para a escala comercial", sublinhou.
Além de Sara Vieira, veterinária, fazem parte da Go Invest um engenheiro e uma bióloga.
O estudo tem como parceiro científico a Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação Tecnologia e Inovação (ARDITI) e os trabalhos de investigação irão decorrer no Centro de Maricultura da Calheta, da direção regional de Pescas, além da instalação de tanques no Parque Empresarial de Santana, na Madeira.
Segundo Sara Vieira, atualmente, toda a lapa que é apanhada é feita de forma tradicional e o molusco está a ficar com um ciclo de vida "preocupante", já que não existem no mercado lapas suficientes para "combater as necessidades gastronómicas".
Na Macaronésia, a lapa é uma iguaria tradicional e o projeto prevê que a ARDITI faça a parte inicial do projeto, a da reprodução, enquanto a Go Invest "fará a do crescimento e da engorda" e serão feitas "simulações de marés e de estruturas de fixação da lapa", referiu.
A perspetiva é de que o estudo demore dois anos a ser efetuado, com todos os riscos associados ao projeto pioneiro e com Sara Vieira a lembrar que a investigação pode criar "a proteção da espécie", acrescentando valor social, caso o projeto seja um sucesso.
"Vamos estar a promover postos de trabalho, uma vez que a apanha da lapa [na Madeira] é feita por pescadores que muitas das vezes não respeitam as épocas de defeso" e, caso haja sucesso, "podiam trabalhar diretamente com a empresa, porque "em vez de apanharem no mar, tratavam das lapas em cativeiro".
O projeto será cofinanciado pelo Programa PROCiência 2020, que, no Sistema de Incentivos à Produção de Conhecimento Científico e Tecnológico da Região Autónoma da Madeira, tem como eixo prioritário "Reforçar a Investigação, o Desenvolvimento Tecnológico e a Inovação", num investimento elegível de cerca de um milhão de euros.
C/Lusa