“Agora estamos a tentar regressar à vida normal, mas não é uma tarefa fácil”, afirmou Klitschko, numa conferência de imprensa realizada no Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça, que hoje encerra a sua reunião anual.
Segundo o autarca da capital ucraniana, durante as semanas em que a região foi alvo de ataques russos, morreram 120 pessoas, incluindo quatro crianças, sendo que mais de 300 ficaram feridas.
Acrescentou ainda que mais de 200 edifícios residenciais foram danificados, bem como se assinalou a destruição de uma refinaria perto de Kiev e centros logísticos de distribuição de alimentos.
“Enquanto presidente da câmara, tento que tudo funcione da melhor maneira possível. A eletricidade já voltou, mas outros serviços como os transportes não funcionam tão bem como antes, mas o principal problema agora é a segurança”, afirmou.
A meio da conferência de imprensa, Klitschko partilhou, com recurso ao seu telemóvel, um áudio do som das sirenes que dão o alerta para o perigo de ataques aéreos.
“Ouvíamos este alarme três ou quatro vezes por dia”, contou.
Klitschko afirmou estar orgulhoso dos soldados ucranianos, que conseguiram expulsar as forças russas da região da capital ucraniana, referindo que localidades nas imediações de Kiev, como Bucha, Borodyanka, Irpin e Hostomel, onde se registaram mortes de civis, serviram de escudo.
Quando questionado sobre o custo da reconstrução da cidade de Kiev, o presidente da câmara avançou com o valor de 80 milhões de euros.
“Agradecemos qualquer ajuda, apoio ou investimento, mas primeiro temos de parar a guerra”, concluiu.
A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas – mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.