Mark Milley e Valéri Guerassimov, chefes do Estado-Maior norte-americano e russo, respetivamente, discutiram “várias preocupações de segurança”, revelou o porta-voz das Forças Armadas dos EUA, Dave Butler.
As duas partes decidiram, por mútuo acordo, não revelar os detalhes da conversa telefónica, acrescentou.
Segundo uma publicação na rede social Twitter do canal de televisão do Ministério da Defesa da Rússia, Zvezda, o diálogo foi realizado “por iniciativa do lado norte-americano”.
A conversa ocorre no mesmo dia em que Moscovo anunciou a rendição dos combatentes ucranianos na siderúrgica de Azovstal, em Mariupol, após uma longa batalha que tornou aquele espaço um símbolo mundial de resistência à invasão russa.
Zvezda especificou que os dois generais abordaram "a situação na Ucrânia".
Um porta-voz do Estado-Maior Conjunto dos EUA, Sean Riordan, observou que os dois chefes de Estado-Maior não se falavam desde 11 de fevereiro, antes do início da invasão russa.
O diálogo ocorre menos de uma semana após uma conversa entre o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e o homólogo russo, Sergei Shoigu, a primeira vez também desde o início do conflito.
Austin apelou na altura a “um cessar-fogo imediato na Ucrânia”, salientando também a importância de manter as linhas de comunicação abertas, segundo o porta-voz do Pentágono, John Kirby.
A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 85.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas – cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,3 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou hoje que 3.811 civis morreram e 4.278 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.