“Claro, a Europa colhe o que semeou. Desde logo, a postura da Europa contra Putin, com a imposição das sanções, levaram Putin, quer queira quer não, ao ponto de dizer: ‘se fizerem isso, eu farei isto’”, afirmou Recep Tayyip Erdogan.
“Putin usa todas as possibilidades e armas à sua disposição. Uma das mais importantes é o gás natural”, acrescentou o chefe de Estado turco numa conferência de imprensa no aeroporto de Ancara, momentos antes de partir para uma visita oficial a Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina.
E concluiu: “É lamentável, não queríamos, mas isto está a acontecer e acho que, neste inverno, a Europa vai ter problemas realmente sérios. Nós, na Turquia, não teremos esse problema”.
A Turquia não aderiu às sanções internacionais contra Moscovo, impostas como resultado da invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro passado, e mantém boas relações com os Governos russo e ucraniano.
Ancara pronunciou-se claramente contra a invasão russa e a favor da integridade territorial da Ucrânia, incluindo a península da Crimeia (anexada pela Rússia em 2014), mas, ao mesmo tempo, efetuou numerosos esforços de mediação entre os beligerantes.
Em agosto, Erdogan encontrou-se primeiro com Putin na cidade russa de Sochi e, duas semanas depois, com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Lviv.
Antes, em julho, a diplomacia turca teve um importante papel no desbloqueio da exportação de cereais ucranianos e de fertilizantes russos, com Istambul a servir de cenário para a assinatura de acordos sobre a exportação de cereais e de produtos agrícolas através do Mar Negro, firmados pela Ucrânia, Rússia, Turquia e as Nações Unidas.