Situado a 700 quilómetros a oeste de Caracas, o Estado de Zúlia, tem por base económica, desde 1912, a produção petrolífera e de gás natural, cobrindo 80% da produção venezuelana de hidrocarbonetos, sendo também uma importante região agrícola, de produção de gado e piscatória, em que residem milhares de portugueses.
"A crise elétrica colapsa o Zúlia. A crise estrutural em matéria económica e social que ameaça a sociedade venezuelana acentua-se aceleradamente devido aos problemas do setor elétrico nacional", alerta a CCM em comunicado.
Na nota, a CCM explica que a origem da crise está "na aplicação de políticas públicas equivocadas", pelo Governo venezuelano, que centralizou o sistema elétrico, que no passado e durante 122 anos foi gerido entre organismos públicos e privados, e que "foi um exemplo" para o país.
"Hoje temos uma só empresa estatal centralizada, a Corpoelec (…) que tem tratado a crise elétrica com racionamentos que acabam por estrangular a produção industrial e comercial, afetando diretamente o bem-estar das comunidades", explica a CCM, recordando que a região tem importantes recursos para produção hidroelétrica.
Os comerciantes queixam-se que a atual infraestrutura elétrica, construída entre os anos de 1960 e 1998, se deteriorou devido à falta de manutenção e de investimentos, a que acrescem falhas na atualização de tecnologia e a fuga de recursos humanos capacitados.
"Queremos produzir, mas a falta de um serviço elétrico fiável constitui um obstáculo que impede a manutenção dos níveis de produção de bens e serviços, já em si reduzidos", cponsidera a CCM.
No comunicado, a CCM insta o Governo venezuelano a recuperar a produção de eletricidade, paralisada por falta de manutenção, a descentralizar o serviço elétrico, a pedir a ajuda de peritos para procurar soluções e o regresso ao sistema de meritocracia (carreira profissional por méritos), em que os encarregados pelas centrais não sejam nomeados por motivos políticos.
A CCM pretende ainda que as autoridades concluam os projetos que tem para centrais termoelétricas e estabeleça parcerias com o setor privado.
Na Venezuela são cada vez mais frequentes os apagões elétricos e o racionamento de energia, que nalgumas regiões chega a prolongar-se por vários dias.
O executivo liderado pelo Presidente Nicolás Maduro atribui os apagões a atos de sabotagem, enquanto que os analistas reclamam, desde há vários anos, pela falta de manutenção, investimento, pelo mau estado de algumas centrais e pela caducidade da infraestrutura.
Os especialistas consideram ainda que a capacidade de produção elétrica é inferior à procura, razões pela qual ocorrem os apagões.
LUSA