A Empresa de Eletricidade da Madeira (EEM) está a estudar a instalação de uma ligação elétrica por cabo submarino entre as ilhas da Madeira e do Porto Santo, retomando um projeto de há mais de uma década.
Os estudos inserem-se no âmbito do projeto ‘Porto Santo Sustentável – Fossil Free Island’, aprovado pelo Governo Regional da Madeira.
"A EEM pretende retomar o estudo de viabilidade de uma ligação em cabo submarino, entre as ilhas da Madeira e Porto Santo, o que, a concretizar-se, permitiria explorar as duas redes elétricas, hoje isoladas, de forma conjunta, potenciando os seus recursos renováveis", explicou o presidente do Conselho de Administração da empresa, Rui Rebelo.
De acordo com o projeto do executivo, "a ilha do Porto Santo apresenta uma dependência de cerca de 97% dos combustíveis fósseis e tem recursos energéticos renováveis abundantes com potencial de valorização", razão pela qual o governo pretende implementar uma estratégia para a "sustentabilidade ambiental, social e económica, a curto, médio e longo prazo", num "território sem combustíveis fósseis e emissões quase nulas de dióxido de carbono".
"Este assunto, que há mais de uma década foi já analisado, ganha agora novo fôlego face aos desenvolvimentos tecnológicos ocorridos, quer das estações terminais, quer da tecnologia dos cabos submarinos, os quais permitem hoje maiores profundidades, com custos inferiores aos que eram praticados na altura", sublinhou Rui Rebelo.
Um caso ibérico de referência, na opinião deste responsável, é a recente ligação da Espanha continental à ilha de Maiorca, com uma distância de 244 quilómetros, para além de outras ligações inter-ilhas nas Baleares.
O Governo da República, por intermédio do ministro da Economia, Caldeira Cabral, defendeu recentemente a viabilidade da interligação elétrica entre Portugal e Marrocos, considerando que o acordo para avançar com os estudos deve servir de exemplo aos países da Europa.
Segundo Rui Rebelo, "face a estes desenvolvimentos, estão a implementar-se diversas ligações submarinas, um pouco por toda a Europa, tirando partido destes novos avanços e que permitem construir uma rede elétrica mais robusta e flexível, proporcionando, simultaneamente, uma maior penetração de energia renovável".
Estando ainda o estudo numa fase muito preliminar, a EEM considera ainda prematuro "saber da sua viabilidade técnico-económica", sendo que, na persecução do objetivo de tornar a ilha do Porto Santo sustentável, "outras alternativas estão igualmente a ser consideradas e estudadas".