José Ramos-Horta, que venceu a primeira volta com 46,51% dos votos, parte como favorito na votação para determinar quem lidera o país até 2027, à frente de Francisco Guterres Lú-Olo, que obteve a 19 de março 22,14% dos votos.
Na segunda volta, os apoios nacionais polarizaram-se em torno das duas candidaturas, com Lú-Olo a somar ao apoio da Fretilin o dos seus dois parceiros no Governo, o Partido Libertação Popular (PLP) do primeiro-ministro Taur Matan Ruak e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) de José Naimori.
A candidatura de Lú-Olo continuou igualmente a contar com o apoio do novo partido Os Verdes, que está a concluir o processo de registo, permitindo que se apresente pela primeira vez às urnas nas próximas legislativas.
José Ramos-Horta, por seu lado, somou oficialmente ao apoio do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) de Xanana Gusmão o do Partido Democrático (PD), de Mariano Assanami Sabino.
Os boletins de voto da segunda volta das presidenciais timorenses retratam não apenas os dois candidatos concorrentes, José Ramos-Horta e Francisco Guterres Lú-Olo, mas um combate político já com várias décadas.
No retângulo de 23×15 centímetros, e além das fotos dos dois mais votados na primeira volta a 19 de março, estão quer a bandeira da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), quer o rosto de Xanana Gusmão.
Ao longo de décadas, ainda desde o tempo da luta contra a ocupação indonésia, que a relação pontualmente próxima, muitas vezes tensa, entre Xanana Gusmão e a Fretilin, e em particular o seu líder, Mari Alkatiri, tem marcado o palco político timorense.
Xanana Gusmão e Mari Alkatiri não se falam há vários anos, com as duas forças políticas a manterem uma constante corrente de critica.
A campanha para a segunda volta foi menos intensa do que a da primeira volta, com ambas as candidaturas a optarem por menos comícios e mais diálogos comunitários e trabalho porta a porta, em todo o país.
Os palcos das duas candidaturas estiveram, porém, mais preenchidos do que na primeira volta, devido às declarações de apoio que Ramos-Horta e Lú-Olo receberam na corrida.
A reta final da campanha ficou marcada por algumas polémicas, a afetar as duas candidaturas.
No caso de José Ramos-Horta, a polémica instalou-se depois de críticas do candidato às interpretações constitucionais de juristas formados na Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), e que foram mal recebidas por ex-docentes, docentes e outros.
Os comentários suscitaram uma declaração da reitoria da UNTL, a universidade pública nacional, a exigir que os candidatos presidenciais respeitem a instituição do ensino superior mais antiga do país.
Do outro lado, críticas da Associação de Advogados de Timor-Leste (AATL) a declarações do advogado Pedro Aparício, durante uma ação de campanha de Francisco Guterres Lú-Olo, por este ter proferido o que consideram ser “palavrões, termos altamente caluniosos e comentários ofensivos” contra José Ramos-Horta e o líder do CNRT, Xanana Gusmão.
Nos cadernos eleitorais de 19 de abril, haverá um total de 859.925 eleitores distribuídos pelos 12 municípios do país, pela Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e pelos centros de votação na Austrália (três), Coreia do Sul (um), Inglaterra (um), Irlanda (um) e Portugal (dois).
Na primeira volta das presidenciais votaram 664.106 dos 859.613 eleitores inscritos, com a abstenção a cair em relação às eleições de 2017, para 22,74%.
O voto vai ser acompanhado por milhares de fiscais das duas candidaturas, com cerca de 30 organizações nacionais e internacionais registadas como observadoras das eleições, com destaque para equipas da União Europeia e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), bem como de várias embaixadas.
Só a missão da UE tem 35 observadores de 17 países, apoiados por cerca de 50 funcionários locais.
Soma-se a equipa de 13 observadores da CPLP, liderada pelo embaixador angolano José Guerreiro Alves Primo.
No que toca à imprensa, estão registados 248 jornalistas nacionais, mais 12 internacionais, com 20 meios de comunicação timorenses (entre televisão, rádio, jornais e online) a que se somam as agências Lusa, Kyodo e Reuters, a televisão do Qatar Aljazeera e a australiana SBS.
O processo vai mobilizar milhares de funcionários do Estado, entre equipas do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), da Comissão Nacional de Eleições (CNE), da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e de autoridades centrais, regionais e locais.
As urnas abrem às 07:00 de terça-feira (23:00 de sexta-feira, hora de Lisboa) e fecham às 15:00, hora local (07:00, hora de Lisboa).
Lusa