“Temos acompanhado com alguma preocupação [esta situação] e feito chegar as nossas preocupações à administração da TAP”, disse Pedro Calado aos jornalistas, durante uma iniciativa no Funchal.
O governante madeirense argumentou que, embora este não seja “só um problema da Madeira e de Portugal”, visto que “todas as companhias em toda a Europa e em todo o mundo estão a ter este problema”, devido à “muita escassez de mão de obra” (pilotos e pessoal de terra), as regiões insulares acabam por “sofrer muito mais” porque não têm alternativa de acessibilidade.
O responsável adiantou que o Governo Regional tem vindo a “alertar” a TAP, considerando que a transportadora “está a fazer cancelamentos em cima da hora, sem avisar os passageiros, deixando os passageiros quase que ao abandono nos aeroportos, como aconteceu este fim de semana no Porto e em Lisboa, [o que] é uma situação lamentável”.
Além das situações registadas no final da passada semana, hoje, os dois primeiros voos da manhã da TAP com partida do Aeroporto de Madeira com destino ao Porto e Lisboa foram cancelados porque as aeronaves que deviam efetuar as ligações não chegaram durante a noite devido a este problema.
“É por estes, e por outros muitos motivos, que alertamos sempre o Governo da República que deveria ter tido muito mais atenção quando fez a reprivatização da TAP, no sentido de acautelar o serviço público mínimo que tem de ser garantido às ilhas [Madeira e Porto Santo]”, declarou.
Pedro Calado acrescentou ser compreensível que existam “questões operacionais das companhias aéreas”, mas tal não acontece quando se trata de uma região insular, onde não existe “alternativa para chegada nem para saída”, sendo os passageiros “abandonados nos aeroportos, como se tem vindo a fazer, sem qualquer indicação, acautelamento” em hotéis, pensões, refeições, “nem como nada”.
“Pura e simplesmente dizem às pessoas que têm de arranjar alternativa nos voos seguintes e isto é que é lamentável e não pode voltar a acontecer”, sustentou.
Questionado se este problema não seria minimizado com a entrada de novas companhias, Pedro Calado respondeu: “Da nossa parte já devia estar a funcionar quer a quarta, quer a quinta companhia, mas esbarramos sempre no impedimento de alguém ou é preciso autorização” de uma entidade qualquer.
O responsável madeirense apontou que “continua a assistir que para a Madeira há dificuldade em conceder ‘slots’ (lugares disponíveis nos aeroportos para os aviões estarem parqueados) e quando há ‘slots’ é porque "já não há espaço de navegação aérea”.
Mas, indicou que esta situação não se coloca no caso de “outras companhias aéreas”.
“Já não conseguimos perceber onde para a boa vontade ou a sensibilidade para acautelar os interesses de um povo ilhéu como o nosso (madeirense)”, opinou.
Pedro Calado assegurou que a situação ainda não está resolvida, mas “não é por falta do Governo Regional falar ou fazer pressão”, garantindo que "há qualquer coisa que tem de mudar”.
LUSA