“Numa linguagem mais próxima dos tempos e, sobretudo, dos jovens de hoje, se a OMS foi a guardiã planetária e a Estrela da Vida, Tedros Adhanom Ghebreyesus foi o nosso super-herói”, apontou Filipe Froes, professor da FMUC responsável por proferir o elogio académico.
Filipe Froes considerou ser aliciante “enaltecer alguém a quem a Humanidade deve tanto”.
“Poucos diretores gerais da OMS viveram uma pandemia como a que vivemos. Foram 1.151 dias de duração em pleno século XXI e que documentaram não só a imprescindibilidade da OMS, mas o espírito de entrega e de missão do seu diretor-geral e o exemplo de toda uma vida dedicada ao serviço da humanidade”, disse.
Filipe Froes vincou que o atual diretor-geral da OMS “procedeu às decisões mais significativas da história da Organização, ficando o seu nome para sempre associado a uma das lutas mais cruéis que a Humanidade enfrentou”.
“A vida de Tedros Adhanom Ghebreyesus é a prova que mais do que países, regiões ou continentes o mundo é feito por pessoas, homens e mulheres livres, dedicadas e responsáveis, que não desistem de lutar por um mundo melhor e mais justo, onde a ciência e o conhecimento são os principais motores do desenvolvimento”, referiu.
Tedros Adhanom Ghebreyesus “provou ser amigo do mundo” e a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, como a mais antiga escola médica do país, “cumpriu o seu dever de reconhecer um seu par, neste caso uma personalidade ímpar”, concluiu.
Licenciado em Biologia pela Universidade de Asmara, na Eritreia, Tedros Adhanom Ghebreyesus tem mestrado em Imunologia de Doenças Infecciosas pela Universidade de Londres e doutoramento em Saúde Pública pela Universidade de Nottingham.
O biólogo assumiu a direção da Organização Mundial da Saúde em 2017. Antes foi ministro da Saúde da Etiópia (de 2005 a 2012) e ministro de Relações Exteriores (de 2012 a 2016).
Enquanto decorria a cerimónia de doutoramento, cerca de três dezenas de pessoas manifestaram-se contra a atribuição deste reconhecimento “a uma pessoa que não é bem-vinda a Portugal”.
Elementos da Associação 21/26 e do partido Alternativa Democrática Nacional (ADN) gritaram algumas palavras de ordem, empunhando alguns cartazes onde se podia ler “Era uma vez uma pandemia, que serviu de justificação para alterarmos a Constituição”.
Outros elementos da Habeas Corpus – Associação de Defesa dos Direitos Humanos também manifestaram o seu descontentamento pela presença de Tedros Adhanom Ghebreyesu, quando este entrava para a Sala dos Capelos da Universidade de Coimbra.
À margem da cerimónia, o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão elogiou o trabalho que novo Doutor ‘honoris causa’ realizou no âmbito da pandemia provocada pela covid-19.
“É com muita honra que a Universidade de Coimbra junta ao seu rol de doutores ‘honoris causa’ o doutor Tedros. É uma pessoa com enormes qualidades profissionais, pessoais e uma pessoa honrada e creio que se pensarmos um bocadinho, devemos muito ao doutor Tedros”, sustentou.