Segundo o último relatório do OVCS, em janeiro passado registaram-se 2.573 protestos em todo o país, os quais, comparados com os 714 do período homólogo de 2018, representam "um aumento de 360%".
Os protestos caracterizaram-se pela "intensificação do sistema de repressão", pelo "uso de grupos de extermínio para reprimir, formados por comandos das Forças de Ações Especiais (FAES), da Polícia Nacional Bolivariana (PNB), da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar) e coletivos’ paramilitares".
"Trinta e cinco pessoas foram assassinadas durante os protestos e outras oito vítimas de execuções extrajudiciais em rusgas ilegais a habitações, onde alegadamente residiam os participantes nas manifestações", destaca o documento.
Os protestos políticos, segundo o OVCS, "transcenderam os setores da classe média alta", tendo sido registados "em zonas onde habitam pessoas de escassos recursos económicos e que, no passado, se identificavam com o ‘chavismo’, e que foram a sua base de apoio eleitoral e de mobilização".
"A exigência principal foi a renúncia de Nicolás Maduro [Presidente da República]", acentua.
Segundo o OVCS, ocorreram protestos em Caracas “na sua maioria em locais próximos do Palácio (presidencial) de Miraflores, antigos bastiões ‘chavistas’".
"Nos locais populares, as formas de protestos mais comuns foram os bloqueios de ruas e toques de tachos em horários noturnos", salienta o relatório, que precisa que "o apoio popular ao [autoproclamado] Presidente interino Juan Guaidó, em mobilizações convocadas por partidos da oposição, conseguiu reunir diversos atores sociais e políticos, com grande adesão "a nível nacional".
O OVCS acrescenta que "os protestos noturnos voltaram a ganhar força (…) tanto em zonas populares como rurais. O OVCS documentou pelo menos 507 manifestações a horas noturnas, que representam 19,70% do total registado".
As regiões do país com maior número de manifestações foram o Distrito Capital (300), Táchira (247), Trujillo (224), Bolívar (222), Mérida (208) e Miranda (204).
Entre os motivos dos protestos estão a luta por direitos políticos, laborais, saúde e serviços básicos.