O alerta foi dado no Sistema Europeu de Alerta Rápido sobre produtos perigosos não alimentares Safety Gate e a retirada de produtos das prateleiras das lojas por conterem boro em excesso levou a Associação de Defesa do Consumidor a investigar o ‘slime’.
Usado para dar a consistência gelatinosa, elástica e resistente ao ‘slime’, o boro é uma substância sem cor nem cheiro que, acima de determinados valores, está classificada na Europa como tóxica para a reprodução e irritante em caso de inalação ou ingestão ou em contacto com os olhos. A ingestão pode causar diarreia, náuseas, fadiga, vómitos e cãibras.
A Deco comprou oito produtos e enviou-os para um laboratório especializado na avaliação da segurança química, tendo concluído que das oito marcas testadas, cinco revelaram-se seguras.
“Pedimos que pesquisassem e quantificassem 19 elementos potencialmente perigosos, como ftalatos, solventes, estanho, crómio e boro, para saber se estavam presentes em quantidades acima do permitido, que pudessem colocar em risco a saúde das crianças, por contacto, inalação ou ingestão”, refere a Deco num artigo que vai ser publicado na edição de junho da revista Proteste.
Tal como ocorreu em outros países, foram descobertos dois produtos com boro em excesso (Poopsie Slime Surprise e Slime Intergalactic SLI0010) e outro com valores próximos do limite máximo (Nickelodeon Slime Super Stretchy), diz a Deco, adiantando que os resultados já foram denunciados à ASAE.
A associação salienta que, além do ‘slime’ que se compra, há o que se pode fazer em casa, existindo “milhares de vídeos na internet com crianças a preparar a substância viscosa”.
As receitas incluem variados ingredientes como cola branca, espuma de barbear, gel de banho, corantes, brilhantes e ácido bórico, sendo que as alternativas passam por líquido para lentes de contacto (lágrima artificial) ou detergente.
“Perguntámos numa farmácia se há procura pelo ácido bórico e, assim que o fizemos, quiseram saber se íamos fazer ‘slime’. Disseram-nos ainda que, dada a procura recente por esta substância, costumam ter várias embalagens na farmácia”, adianta a Deco.
A associação refere que “o pior foi ler advertências nas embalagens” como “pode afetar a fertilidade”, “conservar em local fechado” ou “usar equipamento de proteção” e ao mesmo tempo verificar-se que nos vídeos não se vê qualquer equipamento de proteção.
“Outro perigo é a mistura de substâncias químicas sem qualquer conhecimento e sem indicação concreta das quantidades a considerar", adverte.
Dada a popularidade desta pasta e a facilidade com que as crianças conseguem aceder a vários ingredientes, que, sem precauções e misturados aleatoriamente, se podem tornar perigosos, a associação deixa algumas recomendações, como as receitas caseiras serem supervisionadas por adultos, as crianças não deverem comer ou beber enquanto fazem o ‘slime’ e lavarem as mãos no final.
Aconselha ainda a guardar o ‘slime’ num local fechado e conservar a embalagem original, para saber a quem reclamar em caso de problemas.
Como o ‘slime’ entra na categoria dos brinquedos, a Deco defende que deve respeitar os requisitos fixados na diretiva europeia sobre segurança destes produtos.
LUSA