Segundo os investigadores do Departamento de Epidemiologia do INSA, “a evolução da situação atual em LVT e outras regiões do país depende da evolução do número de novos casos, das características desses novos casos e da qualidade e rapidez do seu controlo com diagnóstico, testagem e isolamento dos casos e seus contactos em poucas horas”.
Depende ainda da evolução em outras regiões e áreas, que podem influenciar a dinâmica da infeção em Lisboa e Vale do Tejo.
“A manutenção de índices de transmissibilidade com valores acima de 1 a nível nacional (1,08 entre 17-21 de junho) e oscilando em torno deste valor em todas as regiões (1,13 na região Norte, 1,08 na região Centro, 1,05 na região LVT) sugere que muito provavelmente não se verificará a extinção da epidemia nas próximas semanas”, salientam.
Os investigadores adiantam que as medidas de confinamento adotadas conduziram à redução da velocidade de transmissão da infeção na comunidade, mas não eliminaram a circulação do vírus, permitindo "achatamento da curva epidémica", o que é consistente com a ocorrência contínua de novos casos de doença ao longo do tempo.
“Não se chegou, contudo, a um momento de ausência ou ocorrência esporádica de novos casos de covid-19 por unidade de tempo, em nenhuma região do país”, afirmam, admitindo a manutenção de novos casos enquanto a elevada maioria da população não se encontrar imunizada.
Sobre se há previsões de quando será a segunda onde epidémica, os cientistas referem que “não é possível prever exatamente” quando ocorrerá, explicando que se trata de “um aumento apreciável do número de novos casos de magnitude e distribuição geográfica pelo menos idêntica ao que se verificou nos primeiros meses deste ano”.
Apesar do desconhecimento do padrão sazonal deste novo coronavírus, alguns modelos matemáticos preveem a possibilidade de ocorrência de uma segunda onda, mas sem especificar o momento da sua ocorrência.
Contudo, ressalvam, “não existe informação suficiente para concluir da gravidade ou transmissibilidade da infeção caso ocorra uma segunda onda epidémica”.
“A maior ou menor gravidade e transmissibilidade da infeção dependem da vulnerabilidade dos grupos mais afetados, das eventuais alterações das características do vírus ao longo do tempo e do tipo e grau de implementação das medidas preventivas”, explicam os investigadores.
Sublinham também que “não existindo uma mutação do novo coronavírus conhecida, não há motivos para pensar que as características deste ou de futuros aumentos na incidência de covid-19 serão mais agressivas”, afirmando que é preciso “ir avaliando o comportamento do vírus à medida da sua evolução”.
Os investigadores referem ainda que a probabilidade de ocorrência de novas ondas epidémicas pode ser influenciada por fatores externos que favoreçam a disseminação do vírus, ou pela ocorrência de alterações genéticas do vírus que aumentem a sua capacidade de transmissão na população humana.
“Por exemplo, outros vírus respiratórios, como o vírus da gripe, circulam com expressão epidémica nos meses de outono e inverno, mas não se sabe, ainda, se será este o caso do SARS-CoV-2”, acrescentam.
Os investigadores concluem que “os critérios para a definição de uma segunda onda epidémica de covid-19 não são ainda consensuais no mundo, o que aumenta a complexidade da interpretação dos dados e indicadores epidemiológicos, acrescida pelos efeitos da intervenção humana na história natural da doença”.
Salientam, contudo, que “o essencial é centrar a discussão no risco de infeção e nas suas componentes, fatores determinantes e medidas exequíveis de controlo, desde logo a prevenção”.
Portugal contabiliza pelo menos 1.555 mortos associados à covid-19 em 40.866 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
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Lusa/fim