"Em 2021, os crescimentos dos contratos de crédito à habitação celebrados e montantes concedidos foram os mais acentuados desde 2017”, lê-se no ‘Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Crédito de 2021’, segundo o qual, “em média, foram celebrados 9.720 contratos de crédito à habitação por mês, no montante de 1.230,4 milhões de euros”.
Segundo o banco central, “em 2020 o mercado de crédito à habitação não tinha sido particularmente afetado pela pandemia de covid-19, tendo o montante de crédito concedido aumentado ligeiramente face ao ano anterior. Todavia, os crescimentos verificados em 2021 são os mais acentuados desde 2017”.
No ano passado, o montante médio por contrato de crédito à habitação foi de 126.580 euros, um valor superior aos 119.408 euros de 2020.
O BdP nota que o montante de crédito à habitação concedido em 2021 “ultrapassou os valores de 2020 em todos os trimestres do ano”, destacando-se os crescimentos de 62,2% e de 43,1% verificados, respetivamente, no segundo e terceiro trimestres de 2021, “resultado dos efeitos da pandemia de covid-19 nos períodos homólogos de 2020”.
Segundo a informação reportada pelas instituições à Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal, em 2021 os intermediários de crédito foram responsáveis pela comercialização de 16,1% do montante total de crédito à habitação concedido, o que compara com 12,9% em 2020.
Se o número de contratos na carteira das instituições se manteve relativamente estável, o saldo em dívida cresceu: No final de 2021, as instituições tinham em carteira 1,43 milhões de contratos de crédito à habitação (menos 0,9% do que em 2020), aos quais correspondia um saldo em dívida de 101.300 milhões de euros (mais 12,4%).
Em 2021, o prazo médio diminuiu nos novos contratos, mas aumentou nos contratos em carteira.
Assim, os novos contratos de crédito à habitação tiveram, em média, um prazo de 32,9 anos, o que compara com 33,1 anos em 2020.
Os contratos em carteira no final do ano tinham um prazo médio de 33,5 anos, acima do prazo do final de 2020 (33,3 anos), o que, de acordo com o BdP, “pode estar relacionado com o regime de moratória pública, que foi acompanhado por um aumento da maturidade dos contratos”.
A taxa variável “reforçou a sua importância”, representando cerca de 85% dos novos contratos celebrados no ano passado, uma proporção acima da de 2020 (82,5%). Em contrapartida, diminuiu a importância da taxa mista (de 11,9% dos novos contratos, em 2020, para 10%, em 2021) e da taxa fixa (de 5,6% em 2020 para 5,1% em 2021).
O ‘spread’ [margem de lucro dos bancos] médio dos novos contratos com taxa variável “manteve-se relativamente estável”, após as diminuições verificadas desde 2015, tendo os novos contratos indexados à Euribor a 3, 6 ou a 12 meses apresentado um ‘spread’ médio de 1,14 pontos percentuais, “relativamente próximo do spread médio dos contratos celebrados em 2020 (1,19)”.
Em 2021, o número de reembolsos antecipados e o montante reembolsado aumentaram cerca de 30%, sendo que o número de renegociações cresceu 36% e o montante renegociado aumentou 24%.
“O aumento de 36% das renegociações foi muito superior ao verificado em 2020 e registou-se num contexto de cessação do regime da moratória pública, que ocorreu em setembro de 2021 para a generalidade dos contratos”, refere o BdP.
De acordo com o banco central, “os mutuários não se encontravam em situação de incumprimento na maior parte dos contratos renegociados (88,8%)”.
Lusa