“O cravo vermelho é para nós [também] o símbolo da liberdade e da democracia”, declarou à agência Lusa um elemento da assessoria do Presidente chileno, Gabriel Boric
Na Praça da Constituição, onde vão decorrer parte das comemorações, sempre que nos ecrãs vídeos ali instalados passam imagens do antigo Presidente socialista Salvador Allende, derrubado pelo golpe militar do general Augusto Pinochet em 11 de setembro de 1973, dezenas de pessoas levantam-se, erguem os cravos e entoam algumas palavras de ordem em defesa da democracia.
Esta manhã, logo à chegada ao Palácio de La Moneda, sede do Governo chileno, onde esteve num pequeno-almoço a convite do Presidente do Chile, Gabriel Boric, o primeiro-ministro, António Costa, referiu-se ao 25 de Abril de 1974, numa breve declaração que proferiu em espanhol.
António Costa considerou que hoje “é um dia para se recordar que, se as democracias nunca estão adquiridas, também as ditaduras têm sempre um fim”.
“Podem durar mais, podem durar menos, mas as ditaduras nunca são solução e, por isso, sempre têm um fim”, sustentou, antes de mencionar o caso português com o 25 de Abril de 1974 e o fim do regime do Estado Novo.
“Neste ano, em que celebramos os 50 anos do golpe militar no Chile, vamos também celebrar dentro de alguns meses os 50 anos da revolução dos cravos, que pôs fim a uma ditadura de 48 anos em Portugal e que abriu o país ao desenvolvimento, à integração europeia, à paz e a uma relação com todos os países do mundo, numa cooperação multilateral muito intensa”, declarou.
Além de António Costa, estão presentes nas cerimónias os Presidentes do México, López Obrador, da Colômbia, Gustavo Petro, da Argentina, Alberto Fernández, e do Uruguai, Luís Lacalle Pou, assim como dezenas de destacadas figuras políticas, caso do antigo líder do Governo espanhol Felipe González.
No domingo, dia em que chegou a Santiago do Chile, o primeiro-ministro observou que o 25 de Abril de 1974 em Portugal começou a ser preparado pelos militares dias antes do 11 de setembro de 1973, data do golpe de estado no Chile.
“Há uma certa ironia nisto. Dois dias antes do golpe do Chile os militares portugueses reuniram-se para derrubar a ditadura e devolver a liberdade. Parece que o nosso 25 de Abril vingou a ditadura que se tinha instalado no Chile”, declarou.
Ainda na manhã de hoje em Santiago do Chile, será assinada pelos chefes de Estado presentes na cerimónia e pelo primeiro-ministro português uma “Declaração de Compromisso com a Democracia”.
Antes de regressar a Lisboa, ao início da tarde, António Costa reúne-se a sós com o Presidente do Chile. Um encontro que o líder do executivo português espera discutir as condições para um aumento da cooperação económica ao nível bilateral, sobretudo em domínios como as energias e o agroalimentar.
Lusa