“A Ordem dos Enfermeiros reafirma que tal não aconteceu”, refere em comunicado, depois de António Lacerda Sales ter afirmado hoje em conferência de imprensa que “sempre que um doente Covid-19, em qualquer instituição, testou positivo, todos os contactos profissionais próximos, quer sintomáticos quer assintomáticos, foram testados”.
A OE afirma que “só por lapso” o governante poderá ter dado essa garantia, porque na orientação da Direção-Geral da Saúde só se prevê “a realização de teste aos profissionais considerados que desenvolvam sintomas”, embora a Ordem defenda que todos devam ser testados.
Segundo o comunicado, no inquérito mais recente aos enfermeiros feito pela Ordem, “ao qual responderam mais de 20 mil enfermeiros, havia 1.810 em vigilância passiva, a exercer funções sem a realização de teste, podendo estar infetados sem saber”.
De acordo com os resultados de testes feitos a profissionais divulgados na quinta-feira, o número de enfermeiros e assistentes operacionais dos hospitais de Santo António e Santa Maria infetados com Covid-19 pode ser dez vezes superior ao que se julgava.
A estimativa partiu dos resultados de testes serológicos feitos nos dois hospitais, em Lisboa e no Porto, da responsabilidade da Fundação Champalimaud, em associação com a Ordem dos Enfermeiros.
Os números divulgados mostram que das pessoas testadas no Hospital de Santo António, no Porto, há 10 vezes mais infetados do que o número identificado anteriormente, e que no Hospital de Santa Maria o número de infetados é 11 vezes superior.
Questionado sobre estes números, António Lacerda Sales não comentou diretamente o estudo, indicando não conhecer a sua metodologia ou se os profissionais foram infetados dentro ou fora das instituições onde trabalham.
No entanto, declarou que “todos os profissionais de saúde estiveram protegidos, quer do ponto de vista de equipamentos de proteção individuais quer do ponto de vista da testagem enquanto contactos com doentes” que tenham testado positivo para a Covid-19.