Esta posição foi transmitida por António Costa em entrevista à TVI, realizada na residência oficial do Primeiro-Ministro, em São Bento, que durou cerca de uma hora, depois de questionado sobre um possível regresso de Portugal a uma situação de estado de emergência face ao aumento constante do número de casos de Covid-19 nas últimas semanas.
"Não é um cenário que neste momento esteja em cima da mesa", respondeu o líder do executivo, depois de questionado se já abordou este assunto com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Neste ponto, António Costa salientou que o cenário adotado pelo Governo foi o de elevar o estado de alerta para o nível de calamidade.
"Neste momento, este é o nível adequado, mas tudo depende de um conjunto de fatores. É verdade que vamos ter um maior número de novos casos por dia do que na pior fase da pandemia em abril passado. Mas, felizmente, agora, com muito menos internados do que havia na altura e, sobretudo, com muito menos internados em cuidados intensivos, o que se deve muito ao facto de ter havido uma alteração significativa da faixa etária atingida", defendeu o primeiro-Ministro.
António Costa advogou também que, atualmente, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) "está mais bem preparado do que estava no início desta crise" pandémica.
"Temos uma taxa de ocupação das camas de cuidados intensivos para Covid-19 de 66%. Felizmente, estamos longe da situação de termos o SNS sob pressão", considerou.
Questionado sobre a possibilidade de o Governo adotar uma medida de recolher obrigatório à noite, tal como acontece já em vários países europeus, o líder do executivo respondeu que não pode excluir nenhuma medida.
"Mas devo dizer que o custo dessas medidas é imenso", sobretudo nos planos social e económico, declarou, antes de referir que o confinamento da primavera passada gerou quase cem mil desempregados no país.
Nesta fase da entrevista, sem que fosse questionado sobre as suas relações institucionais com o Presidente da República, António Costa aproveitou mesmo para elogiar globalmente a ação de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Se há coisa que tem corrido muito bem nestes últimos cinco anos é a excelente articulação entre o Governo o Presidente da República, quer com o atual, quer com o anterior", acrescentou.