“Os voos de repatriamento, humanitários e excecionais, que o Ministério dos Negócios Estrangeiros organiza ou apoia com as autoridades locais, vão continuar. No domingo veio um voo de Moçambique, amanhã [quarta-feira] vai chegar um de Cabo Verde. As pessoas que não fiquem aflitas. Estamos a enfrentar uma crise muito grave e temos de ter os elementos de segurança indispensáveis”, declarou Augusto Santos Silva, em entrevista à SIC Notícias na noite de terça-feira.
Sobre o despacho com as medidas de tráfego aéreo, em vigor desde hoje e até 16 de julho, permitindo voos com destino e a partir de Portugal para países da “União Europeia, Espaço Schengen e do Reino Unido”, o chefe da diplomacia portuguesa indicou que as exceções estavam previstas na decisão tomada pela União Europeia (UE).
“Em relação aos outros países, viagens que permitam o regresso de cidadãos europeus e viagens essenciais devem ser permitidas, que são viagens por razões de saúde, humanitárias, estudo, profissionais ou reuniões familiares”, afirmou o ministro, acrescentando que as exceções centram-se, em primeiro lugar, em países de língua portuguesa e com comunidades portuguesas significativas.
Quanto aos Estados Unidos e Canadá, as restrições vão ser levantadas para essas viagens essenciais, enquanto países como África do Sul e a Venezuela, como mantêm as fronteiras fechadas, não há “desenvolvimentos expectáveis durante a próxima quinzena”, referiu.
“Em relação aos países de língua portuguesa, podem regressar os portugueses ou cidadãos europeus residentes em Portugal. Turismo não. Temos de manter limitações porque estamos em situações epidemiológicas muito contrastantes no mundo”, continuou Santos Silva.
Em todos estes casos de viagens essenciais vai passar a ser exigido um “comprovativo de realização de teste [à Covid-19] com resultado negativo, até 72 horas antes da viagem”, algo que o governante diz ser um “elemento adicional de segurança adequado” para os portugueses e para os viajantes.
Sobre um possível corredor aéreo com o Reino Unido, o ministro admitiu que “não há informações”, mas sublinhou o trabalho feito “há semanas” com as autoridades britânicas, no sentido de “fornecer a informação de que necessitam sobre a evolução da situação pandémica em Portugal, segundo os critérios aplicáveis”, aproveitando para criticar a decisão que “alguns Estados-membros estão a aplicar a Portugal”.
“Se aplicássemos a todo o mundo o critério que alguns Estados-membros estão a aplicar a Portugal – que é o número de casos novos reportados pelas autoridades nos últimos 15 dias – nós amanhã teríamos aberto fronteiras à Coreia do Norte, que não tem nenhum caso reportado. É um raciocínio por absurdo, mas serve para os espetadores perceberem bem a falta de fundamento disto”, declarou.
Ainda sobre o Reino Unido, afirmou que as conversações estão “num momento importante”, já que as autoridades britânicas se preparam para anunciar a sua decisão, reforçando que essa decisão não é bilateral, mas, sim, soberana, e que o trabalho do ministério tem sido “perceber as preocupações do Reino Unido e procurar responder com as medidas tomadas” e que o Governo está em condições de tomar.
Segundo Santos Silva, um aspeto “muito importante” é o facto de “o atual surto que ocorre em Portugal estar muito localizado geograficamente”, referindo que o país tem dito às autoridades britânicas que “os destinos tradicionais e prioritários do turismo britânico, como a Madeira, Algarve, Açores e o Porto”, não estão com uma situação de surto.