“O Presidente da República aí não tem gostos, o Presidente da República acha que nesta fase devemos todos fazer um esforço para abandonar um bocadinho a nossa posição que é diferente da posição dos outros, e para irmos ao encontro dos outros”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
“Até onde é que é possível fazer esse esforço? Numa situação tão dramática só os partidos é que saberão decidir”, apontou, assinalando que, “no estado de emergência, de início, não houve ninguém contra, na primeira votação ninguém votou contra”, ao contrário do que aconteceu nas votações seguintes.
Ainda assim, em todas “houve um núcleo apreciável que votou favoravelmente”, observou.
Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita às instalações do Banco Alimentar contra a Fome, em Lisboa, o Presidente da República foi questionado sobre a votação do orçamento suplementar que o Governo estima entregar na Assembleia da República em junho.
“O Presidente da República não tem que ter gostos, não tem que influenciar a vontade dos partidos, eles sabem muito bem o que é que os portugueses sentem e pensam e, portanto, a interpretação [é feita] cada qual à sua maneira”, vincou o chefe de Estado, considerando que “os partidos saberão naturalmente decidir como é que devem votar”.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou inclusivamente que no início da próxima semana o primeiro-ministro vai ouvir os partidos com representação parlamentar.
O Presidente referiu também que este retificativo “será um orçamento imposto por este estado de emergência [decretado devido à Covid-19], vai ter que se injetar na economia, como na sociedade, aquilo que não estava no orçamento previsto para um ano normal”.
Na sua ótica, “isto é tudo menos normal, e os próximos anos vão ser tudo menos normais”, advertiu.
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou ainda que este documento será entregue numa fase em que ainda não é conhecido “tudo o que vem da União Europeia”.
“Há uma parte decisiva que só é aprovada daqui a um mês, portanto, este orçamento suplementar, por exemplo, pode ser fundamental para ajudar a que não se caia em situação de mais desemprego, mantendo o ‘lay-off’ por mais tempo”, bem como “para acorrer a necessidades sociais imediatas, urgentes, que não podem esperar por tudo aquilo que eventualmente venha a chegar de Bruxelas”, vincou.