"O empréstimo será possível graças à capacidade de endividamento que o Funchal tem hoje, por via do trabalho sério, rigoroso e responsável em termos de redução da dívida, pagamento a fornecedores e credibilização junto da banca comercial", afirmou Miguel Gouveia.
O Presidente da maior autarquia da Região Autónoma da Madeira, eleito pela coligação Confiança (PS/BE/PDR/Nós, Cidadãos!), falava na sessão solene do 512.º aniversário da cidade Funchal, que este ano decorreu no Teatro Municipal Baltazar Dias.
Miguel Gouveia ouviu críticas de todas as forças da oposição representadas na Assembleia Municipal – PSD, CDS-PP, CDU, PTP e ainda dois deputados independentes – mas na sua intervenção dirigiu-se apenas aos maiores partidos, pedindo que abram espaço para o executivo trabalhar.
"Num dia como hoje, o que peço a PSD e a CDS não é apoio; o que peço é que nos deixem trabalhar", disse, reforçando: "E que por uma vez, nestas circunstâncias extraordinárias que vivemos, tenham o discernimento de pôr os interesses dos cidadãos à frente da sua sobrevivência política e dos vícios das suas debulhadoras partidárias."
Miguel Gouveia destacou o trabalho do executivo em áreas como a sustentabilidade financeira, a sustentabilidade ambiental, a equidade e a justiça social, a reabilitação urbana e a habitação social, a inovação e a participação cívica e revelou, também, que a cidade do Funchal é candidata a Capital Europeia da Cultura em 2027.
"Em 2027, é certo que Portugal vai acolher novamente a organização da Capital Europeia da Cultura e o Funchal estará, com toda a confiança, em condições de bater-se com as melhores cidades do país por esse reconhecimento", afirmou.
Este ano, a cerimónia do Dia da Cidade do Funchal ficou marcada pelo facto de o Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, não ter sido convidado para discursar, situação que o Vice-Presidente do executivo, Pedro Calado, que esteve presente, classificou como "inqualificável" e um "completo desrespeito" institucional.
"Foi preciso esperar 512 anos para ver uma atitude destas por parte da Câmara Municipal do Funchal", afirmou o governante aos jornalistas, pouco antes de entrar no Teatro Municipal Baltazar Dias.
Pedro Calado disse também ser "anedótico" e "patético" o facto de a cerimónia se realizar num recinto fechado em tempo de crise pandémica, ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, em que a sessão solene decorria na Praça do Município, em frente ao edifício da Câmara Municipal.
Durante a cerimónia, a oposição foi bastante crítica do desempenho do executivo, com o PSD a considerar, através do deputado municipal Pedro Gomes, que a cidade "precisa de liderança" e o CDS-PP, na voz de Gonçalo Pimenta, a afirmar que "nada" é a palavra que melhor define a atuação da coligação Confiança, que governa o município desde 2017.
Herlanda Amado, do PCP, sublinhou que o Funchal continua a ser uma cidade de "desigualdades" e Raquel Coelho, do PTP, considerou que atualmente a capital madeirense está ao "serviço dos interesses instalados".
O deputado independente Orlando Fernandes (ex-JPP) criticou a "teimosia" do Presidente da câmara em dialogar com a oposição e enumerou várias propostas aprovadas em Assembleia Municipal que nunca foram postas em prática, ao passo que Roberto Vieira (ex-MPT) vincou que "desleixo" é a palavra que caracteriza a gestão autárquica.
O deputado do BE Egídio Fernandes falou em nome da coligação Confiança e atacou o PSD e o Governo Regional da Madeira, de coligação PSD/CDS-PP, acusando-os de praticarem uma política de "terra queimada" em relação às iniciativas da Câmara do Funchal e recordou que os executivos social-democratas nunca permitiram que a oposição discursasse no Dia da Cidade, ao contrário do que acontece atualmente.
Na sessão solene do 512.º aniversário do Funchal, a autarquia entregou medalhas de assiduidade e bons serviços a vários funcionários com 15, 25 e 35 anos de serviço e homenageou com medalhas de Mérito Municipal Grau Ouro, a mais alta condecoração do município, os profissionais de saúde com serviços prestados à cidade e os funcionários camarários que estiveram ao serviço durante a primeira fase da crise de Covid-19.