António Costa assumiu esta posição no final de uma reunião com o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares, sobre o combate à pandemia da Covid-19, na qual esteve acompanhado pela ministra da Saúde, Marta Temido, e pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, também coordenador do Governo para a região de Lisboa e Vale do Tejo.
Interrogado sobre o número crescente de países que colocam restrições à entrada de pessoas que estiveram em Portugal, o primeiro-ministro respondeu: "Eu acho que, manifestamente, é injusto".
"Quem veja essas classificações, até parece que estamos numa situação de risco generalizado muito elevado comparativamente com outros. Caso se analisem com atenção os números, podemos identificar muito bem qual o tipo de situação que existe. Mas, sobretudo, temos de integrar outros números, razão pela qual recomendo muito que se leiam os relatórios da Agência Europeia do Controlo das Doenças", defendeu.
Segundo António Costa, esta agência "tem insistido sempre na necessidade de utilizar uma multiplicidade de critérios para se avaliar o grau de risco".
Depois de ter insistido na tese relativa às diferenças ao nível da testagem praticada em vários países, o Primeiro-ministro deixou críticas à forma como a União Europeia tem atuado ao nível da gestão das suas fronteiras internas.
"Há uma área em que a União Europeia tem falhado por não haver um critério uniforme relativamente às fronteiras internas, o que depois gera discrepâncias extraordinárias e até casos de pura retaliação. Há países que foram colocados recentemente em listas vermelhas, não porque tenham uma grande incidência da Covid-19, mas porque tinham colocado outros em listas vermelhas", disse.
Em seguida, António Costa deixou um aviso às autoridades europeias: "Se começarmos todos a retaliar uns aos outros, vamos todos estar rapidamente em listas vermelhas".
"É preciso muito bom senso e haver aqui um diálogo sério das instituições europeias. A reação da União Europeia tem corrido melhor na capacidade de resposta à crise económica e social do que na gestão interna das suas fronteiras. Espero que isto seja rapidamente ultrapassado", completou o primeiro-ministro.
Neste contexto, António Costa classificou como "positivo" que a Bélgica "tenha compreendido a diferença existente entre situação no conjunto de Portugal e a situação de algumas localidades".
"É verdade que em Portugal conhecemos mais casos, mas temos mais razões para estar seguros. Perigoso são os países que não testam, porque conhecem menos a realidade", sustentou.