António Costa falava em conferência conjunta com o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, em São Bento, depois que questionado se, durante o Conselho Europeu, nos próximos dias 17 e 18, aceita uma redução do montante global previsto na proposta da Comissão Europeia de Quadro Financeiro Plurianual, tendo em vista a obtenção de um rápido acordo ainda em julho.
"Claro que podemos sempre discutir se é um bocadinho mais ou um bocadinho menos, mas há algo que é fundamental: Não deve haver cortes na política de coesão, nem no segundo pilar da PAC. Essas são as linhas fundamentais", acentuou oPprimeiro-ministro português.
Perante os jornalistas, o líder do executivo português defendeu que, "nesta fase, o que é essencial é haver um acordo durante o mês de julho".
"Este não é o momento para estarmos a desenhar linhas vermelhas, mas para abrirmos vias verdes, tendo em vista um acordo entre os 27 Estados-membros. A proposta da Comissão Europeia é particularmente inteligente porque, ao mesmo tempo que responde à necessidade de um programa de recuperação económico suficientemente robusto, procura ultrapassar os pontos de bloqueio que existiram em fevereiro sobre o Quadro Financeiro Plurianual", alegou o Primeiro-ministro.
Em relação à proposta da Comissão Europeia de criar um fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros, António Costa criticou quem pretende diminuir o volume global, contrapondo que "é importante garantir que o programa de seja suficientemente robusto para fazer face às necessidades presentes, até porque todas as estimativas do Banco Central Europeu (BCE), da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) dizem que as economias europeias vão sofrer um impacto brutal em consequência da Covid-19".
"Portanto, temos de possuir um plano que não seja poucochinho para responder às necessidades. Perante as estimativas que têm sido apresentadas, esta proposta de 750 mil milhões de euros é adequada, somando aos recursos do Eurogrupo e à capacidade de intervenção do BCE", sustentou.
Neste contexto, o Primeiro-ministro fez ainda alusão a uma possível segunda vaga da pandemia da covid-19: "Ninguém nos pode garantir que a crise não se venha a agravar ao longo do próximo ano".
"Começar neste momento a reduzir a dimensão da capacidade de reação do programa de recuperação seria estamos à partida a diminuir a nossa capacidade de resposta não só à crise atual, como a qualquer eventualidade de agravamento", alegou.