“Devido a constrangimentos em vários aeroportos internacionais, entre outros, estão previstos, para o dia de hoje, 22 voos cancelados – 11 chegadas e 11 partidas no Aeroporto Humberto Delgado [AHD]”, disse à Lusa fonte oficial na ANA.
No ‘site’ da empresa, o número de voos com partida e chegada a Lisboa cancelados ou previsão de cancelamento é, porém, superior.
De acordo com os dados disponíveis no ‘site’ da ANA relativamente ao AHD (e que podem ser consultados em https://www.ana.pt/pt/lis/home), entre as 00:00 e as 23:50 de hoje o número de cancelamentos de voos que estavam previstos aterrar em Lisboa deverá ascender a 26. Do lado das partidas há indicação de 22 cancelamentos.
Em ambas as situações estão em causa voos operados sobretudo pela TAP.
Os atrasos e cancelamentos têm levado as pessoas a passar horas na fila dos balcões da TAP no aeroporto.
Foi o caso de Anabela Paulo e respetiva família que, ao final da manhã, quando falou com a Lusa, contava já com cerca de seis horas de espera pelo reagendamento do voo que a deveria ter levado à Madeira.
“Tínhamos um voo para a Madeira às 07:15, chegámos às 06:00, já não conseguimos fazer ‘check-in’ e mandaram-nos para esta fila [junto ao balcão a TAP]”, disse à Lusa Anabela Paulo, que tem hotel marcado e pago na Madeira até dia 11.
“Estamos aqui há seis horas, o meu marido ainda tem quatro pessoas à frente. Vamos ver o que nos dizem”, referiu, enquanto esperava, com o filho e as sobrinhas.
Esta fila e compasso de espera é uma realidade para Rosemary Silva desde sexta-feira, dia em que devia ter regressado a Recife, no Brasil, depois de umas férias em Portugal, mas quando viu o voo ser cancelado. “Segundo nos disseram, rebentaram os pneus de um jato privado”, contou.
A indicação que tem é que vai poder voar para Recife no dia 05 de julho, mas tem voltado ao aeroporto para ver se lhe atribuem um ‘voucher’ para um hotel.
No sábado, precisou, ficou no aeroporto durante sete horas, recebeu um ‘voucher’ de alimentação de 32 euros – “que apenas pode ser usado […] no aeroporto” –, tendo depois ido à procura de hotel que, afirmou, teve de pagar.
Além do prejuízo, manifestou a sua preocupação pelo facto de ter de começar a trabalhar na segunda-feira e de a remarcação do voo não lhe permitir apresentar-se ao trabalho, como devia.
Ao lado, a amiga Daini Vasconcelos, que viaja acompanhada pela filha menor, viu o voo que deveria ter realizado na sexta-feira ser remarcado para as 17:00 de hoje. À Lusa, referiu que apenas lhe foi dado um ‘voucher’ para um hotel na noite de sexta para sábado, mas não para a seguinte, o que a obrigou a procurar um sítio para dormir e “pagar 113 euros”.
A esta despesa soma gastos com roupa, uma vez que, diz, as malas já tinham sido despachadas quando soube que o voo para Recife (para onde vai de férias) não iria realizar-se, e com medicamentos, pois a filha, entretanto, ficou com febre.
Os problemas observados em Lisboa estão a ser vividos em vários aeroportos nos Estados Unidos e na Europa.
Na origem destas situações estão falta de pessoal, greves e outros fatores externos agravantes, nomeadamente climáticos, relacionados com a covid-19 ou com imprevistos, como é o caso do jato particular que encerrou por algumas horas o aeroporto de Lisboa, na tarde desta sexta-feira.
Na resposta enviada à Lusa, a ANA acentua que o “aeroporto de Lisboa implementou medidas para apoiar as companhias aéreas, nomeadamente a instalação de balcões móveis suplementares na área de transferências para reagendamento de voos”, tendo também sido reforçadas as equipas de apoio aos passageiros e distribuição de águas.
Neste contexto, a ANA aconselha “os passageiros com voo marcado para hoje, para contactarem as companhias aéreas antes de se deslocarem para o aeroporto”.
Lusa