“Os anglo-saxões vieram [à Ucrânia] para combater com o objetivo de dominar o planeta”, afirmou o primeiro secretário do Partido Comunista da Federação da Rússia (KPRF), Guennadi Ziuganov.
“Hoje, nas planícies ucranianas, está em disputa a questão de saber se o mundo será unipolar sob o seu comando [dos anglo-saxões] ou multipolar”, acrescentou o dirigente comunista, de 77 anos.
“É necessário defender o Estado”, insistiu Ziuganov, acusando a NATO e os Estados Unidos de combaterem “o mundo russo”.
Ziuganov participava numa cerimónia na Praça Vermelha que assinalou o 152º aniversário do nascimento de Lenine, líder da Revolução bolchevique de outubro de 1917 e que lançou as bases para a formação da União Soviética.
Cerca de 200 pessoas reuniram-se de manhã junto aos muros do Kremlin, exibindo cartazes com a foto do dirigente comunista (1870-1924) e bandeiras vermelhas com a foice e o martelo, indicou a agência noticiosa AFP.
De seguida, depositaram cravos frente ao mausoléu de Lenine, que morreu em janeiro de 1924 e permanece embalsamado e ainda exposto ao público.
Os comunistas, à semelhança do conjunto das forças políticas russas, forneceram o seu apoio a Putin após o início da intervenção militar na Ucrânia.
Esta ofensiva militar exacerbou as fortes tensões já existentes entre a Rússia e os Estados Unidos. Numerosos analistas têm comparado a atual situação ao período da Guerra fria, que opôs as superpotências norte-americana e soviética durante mais de quatro décadas, após o final da Segunda Guerra mundial.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, ao argumentar a necessidade de defender a população russófona local, bem como “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho.
A ONU confirmou a morte de mais de 2.000 civis em quase dois meses de combates, mas tem alertado para a probabilidade de o número ser muito mais elevado.
A guerra levou mais de cinco milhões de pessoas a fugir da Ucrânia, havendo ainda sete milhões de deslocados no país, segundo a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.