Numa nota sobre o 56.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se assinala em 29 de maio, a Comissão Episcopal da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais considera que, “se é verdade que se devem proporcionar os meios para formar os públicos para o uso criterioso da comunicação, igualmente importante é convidar todos os agentes da comunicação social, jornalistas, empresários, escolas, associações, a evitarem tudo o que possa desvirtuar a verdadeira comunicação, como sejam o lucro, o domínio ideológico, a manipulação, a guerra das audiências”.
Ao invés, aqueles agentes são desafiados a colocarem “a pessoa humana e a edificação da sociedade assente na justiça, na verdade, na paz, na igualdade, no bem e no serviço, sobretudo aos mais frágeis, como objetivo de todo o esforço comunicativo”.
Para a comissão liderada pelo bispo de Viana do Castelo, João Lavrador, “o tempo de pandemia (…) manifestou ainda mais claramente o papel relevante da comunicação social e de todos os que a ela se dedicam”, pelo que deixa uma “palavra de reconhecimento e estímulo a todos os comunicadores”.
“Acresce, agora, a guerra que se abateu sobre a Europa e que teima em dizimar a Ucrânia. Novos e imprescindíveis desafios se lançam à comunicação social, não só na notícia que exprime a verdade dos factos, mas também na denúncia de todos os atropelos e manipulações com que a guerra se disfarça”, acrescenta a nota, sublinhando que “na guerra todos perdem, como afirma o Papa Francisco”, considerando importante que “todos os comunicadores promovam a paz realçando os critérios e os valores que a ela conduzem”.
Já o Papa Francisco, na sua mensagem para o Dia das Comunicações Sociais, divulgada em janeiro, exorta os jornalistas à “escuta”, que considera “o primeiro e indispensável ingrediente do diálogo e da boa comunicação”, pois “não se comunica se primeiro não se escutou, nem se faz bom jornalismo sem a capacidade de escutar”.
O pontífice escreve que “para fornecer uma informação sólida, equilibrada e completa, é necessário ter escutado prolongadamente. Para narrar um acontecimento ou descrever uma realidade numa reportagem, é essencial ter sabido escutar, prontos mesmo a mudar de ideia, a modificar as próprias hipóteses iniciais”.
“Ouvir várias fontes (…) garante credibilidade e seriedade à informação que transmitimos”, frisa o Papa, para quem, “a capacidade de escutar a sociedade é ainda mais preciosa neste tempo ferido pela longa pandemia”.
Segundo Francisco, “a grande desconfiança que anteriormente se foi acumulando relativamente à ‘informação oficial’, causou também uma espécie de ‘infodemia’ dentro da qual é cada vez mais difícil tornar credível e transparente o mundo da informação. É preciso inclinar o ouvido e escutar em profundidade, sobretudo o mal-estar social agravado pelo abrandamento ou cessação de muitas atividades económicas”.
O líder da Igreja Católica lamenta, no seu texto – intitulado “Escutar com o ouvido do coração”, que se esteja “a perder a capacidade de ouvir” as pessoas que se têm pela frente, “tanto na teia normal das relações quotidianas como nos debates sobre os assuntos mais importantes da convivência civil”.