Imagens publicadas na rede social Twitter, que está bloqueada na China, mostraram imagens de fumo a subir em espiral depois de um incêndio ter destruído as faixas em que era exigido o fim da política de “linha-dura” de “covid-zero”, bem como o fim do regime do Presidente chinês, Xi Jumping.
Os protestos políticos na China são raros e a polícia está esta semana em alerta máximo, antes da realização do Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), que começa no domingo e que é liderado por Xi Jinping.
Ao fim do dia já não eram visíveis as faixas penduradas na estrada e no viaduto adjacente, mas podia observar-se uma marca circular negra na zona onde o fogo ocorreu.
Desconhece-se quem terá pendurado as faixas.
Dezenas de polícias circularam pela área, entrando nas lojas e interrogando as pessoas nas ruas. Os jornalistas da agência noticiosa Associated Press (AP) foram interrogados três vezes e solicitados para apresentarem identificação.
A polícia, entretanto, negou que algo incomum tenha acontecido na área.
Três lojistas também negaram ter visto qualquer faixa, fumo ou qualquer atividade incomum. Uma mulher balançou a cabeça para responder “não” sem sequer levantar os olhos de máquina de costura em que trabalhava, quando questionada pelos jornalistas da AP.
Mas um ciclista que esperava num semáforo disse que o tráfego estava congestionado na área pela manhã e que havia fumo a sair de uma ponte associada ao viaduto.
As publicações que continham as ‘hashtags’ Beijing ou Haidian foram rapidamente bloqueadas na popular plataforma social chinesa Weibo.
Algumas das publicações expressavam apoio e elogiavam a coragem da pessoa não identificada, sem se referir diretamente ao incidente.
Outros disseram no Twitter que as suas contas foram temporariamente desativadas noutra grande plataforma chinesa, WeChat, depois de terem partilhado fotos do incidente.
Uma música chamada “Sitong Bridge”, o nome do viaduto em que o incidente terá acontecido, foi removida das plataformas de música ‘online’.
No congresso, Xi Jinping, que chegou ao poder em 2012, deve receber a aprovação para um terceiro mandato de cinco anos como líder do partido.
As rígidas políticas governamentais contra a pandemia, que colocaram milhões de pessoas em quarentena, provocaram pequenos protestos e confrontos com as autoridades.
A China tem a maior população ‘online’ do mundo, construindo uma dependência da ‘web’ para compras e entretenimento, mesmo quando as autoridades rastreiam cuidadosamente os comentários e anulam qualquer crítica a Xi Jinping e outros líderes do partido.
Lusa