Cerca de 2.000 emigrantes da Venezuela foram colocados no mercado de trabalho desde 2016 pelo Instituto de Emprego da Madeira, indicou ontem o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, sublinhando que o apoio à comunidade vai prosseguir.
"Estamos, o povo da Região Autónoma da Madeira, de braços abertos a acolher nas melhores condições e na medida das nossas possibilidades os concidadãos que regressam da Venezuela em situação de precariedade", assegurou.
O governante falava durante a assinatura de um protocolo com a Herdade Vale da Rosa, que permitirá o acesso a 24 vagas de emprego na área da agricultura naquela empresa, localizada em Ferreira do Alentejo.
"Não vão dizer que estamos a colocar pessoas na rua [fora] da Madeira", advertiu Miguel Albuquerque, reforçando que a "obrigação" do governo é criar oportunidades de trabalho para quem quiser trabalhar em qualquer parte do país.
O número de emigrantes venezuelanos inscritos no Instituto de Emprego da Madeira atingiu os 2.986 em 2016, mas atualmente cifra-se em cerca de 1.000, sendo que o acordo com a Herdade Vale da Rosa surge como mais uma oportunidade de emprego.
"Tudo temos feito para apoiar em todas as circunstâncias e em todos os vetores os nossos concidadãos que foram obrigados a sair da Venezuela em circunstâncias de precariedade", realçou o governante, vincando que isso configura um "ato de reconhecimento e de gratidão" pela comunidade luso venezuelana.
O administrador da Herdade Vale da Rosa, António Silvestre Ferreira, disse, por seu lado, que os emigrantes vindos daquele país da América Latina são "pessoas extremamente capacitadas" para ajudar a empresa a "tornar-se mais eficiente".
Silvestre Ferreira contou que também foi emigrante e viveu 22 anos no Brasil, na sequência da ocupação das propriedades da família no Alentejo, por altura da revolução de 25 de Abril de 1974.
"Sei perfeitamente o que é [ter de] abandonar um país depois de nos espoliarem dos bens. Portanto, os nossos irmãos vindos da Venezuela são bem-vindos no Vale da Rosa", afirmou, lembrando que já dá emprego a 30 lusodescendentes.
O responsável indicou ainda que a empresa se dedica à produção de "uvas de mesa de grande qualidade", que exporta para diversos países, e emprega entre 250 e 1.000 pessoas, sobretudo na época das colheitas.
LUSA