As autoridades iranianas não tinham associado estes incidentes entre si, mas agora estão a investigá-los como possíveis ataques intencionais que atingiram cerca de 30 escolas, de acordo com os meios de comunicação locais, citados pela agência de notícias Associated Press (AP).
No país há especulações que estes ataques poderiam ter como objetivo tentar encerrar escolas para raparigas nesta teocracia islâmica com mais de 80 milhões de habitantes.
Os ataques relatados estão a acontecer num momento sensível no Irão, que enfrenta há meses protestos após a morte da jovem Mahsa Amini, depois da sua detenção em setembro pela polícia de moralidade do país.
As autoridades ainda não identificaram suspeitos, mas os recentes ataques levantaram receios de outras raparigas poderem ter sido envenenadas apenas por frequentarem a escola.
Os primeiros casos surgiram no final de novembro em Qom, cerca de 125 quilómetros a sudoeste da capital do Irão, Teerão. Estudantes do Conservatório de Noor Yazdanshahr adoeceram em novembro e ficaram novamente doentes em dezembro.
As estudantes queixaram-se de dores de cabeça, palpitações cardíacas, letargia e paralisia. Algumas alunas descreveram um cheiro a tangerinas, a cloro ou a agentes de limpeza.
É inverno no Irão, onde as temperaturas geralmente caem abaixo de zero à noite. Muitas das escolas são aquecidas a gás natural, levando a especulação sobre os envenenamentos poderem dever-se a monóxido de carbono.
O ministro da Educação do país descartou inicialmente os relatos como rumores.
As escolas afetadas eram destinadas a apenas mulheres jovens, alimentando suspeitas de que os casos não foram acidentais. Pelo menos um caso ocorreu em Teerão, com outros em Qom e Boroujerd. Pelo menos uma escola de rapazes também foi alvo.
Lentamente, as autoridades começaram a levar estas ocorrências a sério. O procurador-geral do Irão ordenou uma investigação, dizendo que "existem possibilidades de atos criminosos deliberados". O Ministério da Informação do Irão também estaria a investigar o caso.
No domingo, a agência de notícias estatal IRNA revelou várias histórias, com autoridades a reconhecer a dimensão da crise.
"Após vários envenenamentos de estudantes nas escolas Qom, verificou-se que algumas pessoas pretendem que todas as escolas, especialmente as escolas de raparigas, sejam encerradas", disse à IRNA Younes Panahi, vice -ministro da Saúde.
Um porta-voz do Ministério da Saúde, Pedram Pakaieen, disse que o envenenamento não foi provocado por um vírus ou micróbio, mas não especificou a origem.
Ali Reza Monadi, um membro do Parlamento Nacional que pertence ao comité de educação, descreveu os envenenamentos como "intencionais".
Os ativistas preocupam-se que estas ações possam ser uma nova tendência de ataques aos direitos humanos no país, especialmente das mulheres.