Em entrevista à agência Lusa, a propósito do centenário da AEP, que se comemora até abril de 2022, António Calaim diz que “a obrigação e a prática do celibato pode conduzir a isso, pode dar origem a um maior número” de casos.
Porém, não deixa de reconhecer que o celibato pode ser uma mais-valia para o exercício de um ministério, uma vez que dá a possibilidade de uma maior entrega à prática pastoral.
“O celibato pode ter a vantagem de a pessoa ter uma melhor dedicação a algumas áreas e a um ministério do que alguém que tem responsabilidades, como eu, que sou médico, casado e com responsabilidades familiares”, afirma, acrescentando, por outro lado, que, “sendo a sexualidade algo de inato ao ser humano”, as igrejas evangélicas propõem que “ela seja vivida no âmbito do casamento”.
Face aos casos que têm abalado a Igreja Católica nos últimos meses e questionado sobre como lidam as igrejas evangélicas filiadas na AEP com o eventual aparecimento de casos de abuso sexual de menores no seu seio, António Calaim revelou que a instituição tem “uma comissão de ética que ajuda nesta área”.
“Convidámos pessoas estimadas, pessoas com provas dadas, conhecedoras das escrituras, que nos ajudam nestas áreas e que estão disponíveis para ajudar. Se as comunidades locais não conseguirem resolver dentro de si mesmas este assunto, podem sempre pedir ajuda à Aliança e nós teremos pessoas para ajudar nesta análise”, diz António Calaim, que assegura que, em paralelo, e em caso de alguma suspeita de abuso, as autoridades judiciais são “de imediato contactadas”.
Recorrendo ao exemplo da prática na profissão que exerce, enfatiza: “É como o que se passa com os médicos. Se tiverem conhecimento de algo que não esteja de acordo com as leis devem denunciá-lo às autoridades. Acontece o mesmo com os pastores ou com os membros da Igreja”.
C/Lusa