O cardeal referiu ser a primeira vez que vai estar presente nas festas, que se realizam a partir de hoje, em Ponta Delgada, mas desde a sua infância “há uma relação com o Santo Cristo” por via da sua proveniência de uma família madeirense ligada ao mar.
Durante a sua deslocação aos Açores para exercerem a pesca do atum, os pescadores madeirenses adquiriam os oratórios do Santo Cristo no seu regresso à Madeira, o que aconteceu na sua família.
“Desde miúdo vi rezar ao Santo Cristo, envolvido sempre numa grande devoção. Quando recebi o convite por parte do senhor reitor [do Santuário da Esperança] e da Igreja açoriana para estar aqui presente senti-me como um romeiro que vem agradecer e reconhecer o papel do Senhor Santo Cristo no percurso das nossas vidas. É com emoção e carinho que vivo esta oportunidade”, declarou José Tolentino de Mendonça.
O cardeal apresentou hoje cumprimentos, no Palácio de Sant’Ana, ao presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro.
Questionado sobre o processo de beatificação de madre Teresa da Anunciada, o cardeal referiu que assistiu a “sinais muito positivos”, destacando que “há um interesse do povo cristão, crente, pela figura, e esse é o ponto de partida para que a Igreja diocesana possa, num futuro próximo, reativar os processos de forma a avaliar a possibilidade de um reconhecimento canónico, pela sua santidade”.
Madre Teresa da Anunciada foi a principal impulsionadora do culto ao Santo Cristos dos Milagres.
A Diocese dos Açores aguarda, entretanto, a nomeação do seu bispo, tendo o cardeal referido que o processo corre os “trâmites normais desses processos, que passam por uma auscultação muito grande, sobretudo da própria realidade diocesana”.
José Tolentino de Mendonça referiu que a possibilidade de nomear um açoriano para o cargo é uma “questão que se coloca sempre”, sendo que “a construção do perfil passa por uma diversidade de fatores”.
Mas “seja ou não açoriano tem que ser um bispo capaz de se tornar açoriano”, ressalvou.
O presidente do Governo dos Açores considerou, por seu turno, que o cardeal “eleva e prestigia as grandes festas em honra do Santo Cristo dos Milagres”.
As festas do Santo Cristo, suspensas há dois anos devido à pandemia de covid-19, realizam-se a partir de hoje, em Ponta Delgada, com um dos pontos altos na procissão de domingo, que percorre as ruas da cidade.
As festas, que têm por referência a imagem do "Ecce Homo", realizam-se na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, tendo por base o quinto domingo a seguir à Páscoa.
Este ano decorrem entre sexta-feira e a quinta-feira seguinte (dia 26) e têm um novo formato, ainda devido à pandemia, com a imagem do Santo Cristo a sair da Igreja do Santuário para o adro logo na sexta-feira pelas 21:00, coincidindo com a abertura das luzes no Campo de São Francisco.
As festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, consideradas a segunda maior manifestação religiosa do país depois das peregrinações a Fátima, trazem anualmente milhares de peregrinos de todo o mundo até à ilha de São Miguel, oriundos das ilhas, do continente e das comunidades de emigrantes, nomeadamente Estados Unidos da América e Canadá.
Lusa