"We’re out" ("Estamos fora"), lê-se hoje nas manchetes da imprensa britânica, cujas edições da manhã anunciam o resultado do referendo que ditou a saída da União Europeia como "histórica" e um "exemplo de democracia".
Os jornais Daily Mail e Daily Mirror, que estavam em lados diferentes da campanha, usam a mesma expressão para dizer "Estamos fora", uma vitória descrita pelo Daily Mail como "um impressionante exemplo da democracia em ação".
"Ontem milhões de britânicos votaram, frequentemente enfrentando um tempo terrível, num certamente momento significativo da história desta ilha", refere o jornal.
Porém, ao mesmo tempo que anuncia a liberdade das "grilhetas da União Europeia após 43 anos", o Daily Mail também notícia a desvalorização da libra esterlina numa queda acentuada.
O The Sun faz um jogo de palavras na manchete, escrevendo "See EU Later" e reivindicando o que considera ser "um ponto de viragem memorável" na história britânica e uma mensagem dos eleitores para o primeiro-ministro, que fez campanha pela permanência na União Europeia.
"O que David Cameron sentiu ontem foi uma explosão de raiva de milhões de pessoas da classe trabalhadora que não pode ser ignorada".
O Daily Telegraph, que também assumiu a posição de defender a saída britânica da UE, considera que o resultado deve ser visto como "um motivo de orgulho".
Em editorial, o jornal saúda a elevada participação no referendo, cerca de 72%, e refere que "o Reino Unido mostrou que são as pessoas que têm a palavra final, que é a essência da democracia".
No lado da imprensa que defendia a permanência na União Europeia, Polly Toynbee, colunista do The Guardian, descreve este momento como uma "catástrofe" e anuncia uma fratura do país entre classes, demografias e geografias e prevê que o partido Conservador, no poder, seja tomado por "extremistas e fantasistas".
"Quanto mais estes líderes populistas tentem provar que este não foi um erro fatal, mais vão culpar os problemas domésticos nos nossos vizinhos mais próximos. O Reino Unido virou as suas costas ao mundo", esteve a jornalista.
Terminada a contagem dos votos, esta determinou que os partidários do abandono da União Europeia conquistaram 51,9% dos votos, enquanto que os defensores da permanência representaram 48,1% dos votos expressos.
A participação no referendo foi de 72,2% dos 46,5 milhões de eleitores inscritos.