Durante uma conferência de imprensa, em Brasília, no Palácio Itamaraty, ao lado do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, Mauro Vieira destacou o “importante apoio português nessa negociação” com o bloco formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
“Da nossa parte é importante avançar”, frisou, destacando a “dimensão do acordo”.
“Contamos como acordo de Portugal”, sublinhou Vieira, lembrado que o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, quer fechar o acordo ainda no primeiro semestre do ano, mas “se for necessário um pouco mais de tempo” o Brasil espera.
Esta declaração surge duas semanas depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter afirmado que espera que no segundo semestre do ano a presidência espanhola conclua o acordo comercial com o Mercosul.
O primeiro-ministro manifestou a sua esperança de que a presidência espanhola da União Europeia, no segundo semestre deste ano, "dê um forte impulso” para se concluir o acordo com o Mercosul.
"A janela de oportunidade é muito estreita, porque o Presidente Lula da Silva acaba de ser eleito e já disse claramente que é vontade do Brasil fechar o acordo, o Presidente da Argentina, Alberto Fernández, diz o mesmo. Portanto, é altura de se compreender que não há um quilo de bife produzido na Europa que justifique continuarmos a atrasar a celebração do acordo do Mercosul – o acordo com maior económica que pode haver e que pode contribuir para criar uma grande aliança transatlântica", sustentou.
As declarações do responsável da diplomacia brasileira surgem no contexto da visita, hoje, de João Gomes Cravinho a Brasília no âmbito da preparação da cimeira luso-brasileira, que Portugal vai acolher entre 22 e 25 de abril, ocasião em que o Presidente brasileiro visita o país.
A deslocação do responsável português a Brasília serviu, principalmente, para identificarem os temas que deverão constar da agenda da cimeira luso-brasileira do final de abril, em Lisboa, a qual juntará os chefes de Estado e de Governo dos dois países.
João Gomes Cravinho, depois de reunido com o seu homólogo brasileiro, esteve no Palácio do Planalto para um encontro com Lula da Silva
As relações políticas e diplomáticas entre os dois países, que arrefeceram durante o mandato de quatro anos de Jair Bolsonaro como chefe de Estado brasileiro, voltaram a atingir patamares elevados com a vitória de Lula da Silva nas eleições presidenciais de outubro.
Num ato singular, António Costa, durante a campanha eleitoral brasileira, demonstrou o seu apoio, enquanto líder do Partido Socialista, a Lula da Silva.
Marcelo Rebelo de Sousa foi mesmo o primeiro chefe de Estado a parabenizar Lula da Silva pela sua vitória contra Jair Bolsonaro.
Lula da Silva, ainda antes de se tornar oficialmente Presidente brasileiro, esteve em Lisboa em 18 e 19 de novembro, após participar na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), em Sharm el-Sheikh, no Egito.
Lusa