Para os bispos católicos, é um “verdadeiro crime” que, no meio de uma “situação de penúria, fome, paralisia de serviços, morte e colapso nacional”, se privilegie “um espetáculo de distração e alienação”, em condições desiguais e contra todo o sentido de equidade e serviço à população.
A Conferência Episcopal Venezuela tem criticado, em diversas ocasiões, a atuação da Assembleia Nacional Constituinte e, no comunicado emitido na segunda-feira, frisa que a convocação de eleições ultrapassa os limites das funções daquele órgão.
"Temos uma Constituição nacional e leis que estipulam claramente o procedimento para a realização de eleições. Simplesmente, se ignoram e omitem tais disposições para legislar segundo os interesses próprios do poder”, refere o comunicado.
Os bispos venezuelanos exortam os dirigentes políticos “a assumir responsavelmente a difícil e real situação” do país, notando que “a comunidade internacional expressou abertamente a sua convicção de que a atuação do Governo” de Nicolás Maduro, que se vai recandidatar, é inaceitável.
Para o episcopado, a atuação dos partidos políticos foi, “em muitas circunstâncias, deficiente e incoerente”, convidando-os a procurar “um consenso com os diferentes setores da sociedade”, dado que esta é uma “condição imprescindível” para alcançar a “unidade política”.
A Conferência Episcopal da Venezuela convidou ainda a população a fazer uma reflexão serena e séria sobre o que significa o ato eleitoral, que habitualmente se realiza no final do ano.
Em 23 de janeiro, a Assembleia Constituinte aprovou a convocação de eleições antecipadas, que deverão realizar-se até maio.
Esta decisão está a ser criticada por grande parte da comunidade internacional, que vê na decisão um entrave ao processo de diálogo entre Governo venezuelano e oposição que tem estado a decorrer na República Dominicana.
LUSA