“Estamos na expectativa de que o animal, por si, consiga sair, sendo uma possibilidade remota efetivamente, mas há essa possibilidade”, disse Diogo Vieira Branco, em declarações à agência Lusa, cerca das 15:00.
Segundo o representante, as manobras de salvamento poderiam passar por rebocar a baleia, mas “não há condições” para o fazer, “quer porque o animal já está encalhado, quer porque o reboque, com arrasto ao longo da areia, iria ferir o animal”.
“O animal está vivo ainda, encalhado, com parte do corpo com água, mas encalhado”, referiu Diogo Vieira Branco, esperando que após a mudança da maré a baleia possa regressar ao mar, invertendo o arrastar para terra que se verificou: “A maré está a encher até às 15:00, o animal está a ser arrastado para terra, expectavelmente até a maré começar a vazar, e a partir daí vamos ver como é que evolui.”
Questionado sobre se o animal conseguirá sobreviver, o capitão do Porto de Lisboa explicou que “obviamente que à medida que o tempo passa e que a baleia vai ficando mais encalhada, mais fora de água, as possibilidades são mais remotas”.
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) está a acompanhar a situação, acrescentou.
“Neste momento, na realidade, não estamos a fazer nada senão deixar tentar que ela por si consiga regressar. Numa fase inicial o animal tinha mobilidade que não permitia uma aproximação em segurança das pessoas e, neste momento, estando encalhado, em que ele continua vivo efetivamente, continua a respirar, mas entendemos que não há condições pelas questões que referi: quer porque o animal está encalhado, portanto já tem um peso excessivo, quer porque o reboque, arrastando-o pela areia, iria feri-lo excessivamente e causar-lhe danos eventualmente irreparáveis”, declarou.
Por volta das 15:00, pelo menos cerca de 50 pessoas que se encontravam na praia da Fonte da Telha aproximaram-se da baleia para a empurrar de forma espontânea, apesar de terem sido avisadas pela Polícia Marítima para se afastarem do animal.
Os cidadãos consideraram que não se estava a fazer nada para o salvar, manifestando indignação perante o seu sofrimento.
O capitão do Porto de Lisboa confirmou que o comando local da Polícia Marítima foi informado por volta das 09:00 da existência de uma baleia em dificuldades, que “aparenta ser um cachalote com cerca de 10 metros de comprimento”.
Nessa altura, encontrava-se “a cerca de 150 metros da linha de costa, aparentava uma razoável mobilidade”, inclusive “mexia a cauda perfeitamente, mas aparentava estar desorientada”.
“Empenhámos uma equipa por terra para assegurar a interdição de área e a segurança das pessoas, uma equipa pelo mar para garantir a segurança das outras embarcações e apoiar no salvamento, numa tentativa de salvamento da baleia”, descreveu Diogo Vieira Branco, adiantando que esses recursos se mantêm ainda no terreno, incluindo uma equipa no mar.
A operação de salvamento da baleia foi realizada em coordenação com o ICNF e passou por tentar empurrar e encaminhar a baleia para o mar alto.
“Efetivamente não conseguimos, a baleia não respondeu às nossas manobras no sentido de a empurrar, de a encaminhar, e foi sendo arrastada, porque a maré está a encher até cerca das 15:00. Foi sendo arrastada para a praia, malgrado as nossas tentativas”, informou o capitão do porto, acrescentando que o ICNF se mantém em permanente comunicação com os operacionais no terreno para acompanhamento técnico do animal.
Quanto à possibilidade de reboque na fase inicial, a opção foi descartada por ser “um risco demasiado para as pessoas que estariam envolvidas nessa operação”, uma vez que a baleia ainda “tinha uma perfeita mobilidade”.
Apesar de a Polícia Marítima só ter sido informada da presença da baleia pelas 09:00, segundo pescadores locais, o animal é visível a partir da praia desde cerca das 06:00.
Lusa