“A Austrália apoiará Timor-Leste a aceder e a fornecer vacinas suficientes para ajudar a cobrir 80% da população o mais rapidamente possível”, explicou à Lusa a Embaixada da Austrália em Díli.
“Para apoiar a cobertura total da vacina em Timor-Leste, a Austrália comprometeu 24,3 milhões de dólares australianos (15,57 milhões de euros) a Timor-Leste para apoio à vacinação entre 2021 e 2023. Um total de 5,8 milhões de dólares australianos (3,7 milhões de euros) serão disponibilizados para uso antes de 30 de junho de 2021”, sublinha.
O apoio australiano será feito a Timor-Leste no âmbito de uma iniciativa global no valor de 500 milhões de dólares australianos (320,4 milhões de euros) para apoio à vacinação e segurança sanitária no Pacífico e sudeste asiático, incluindo Timor-Leste.
“Alcançar uma cobertura total ajudará a nossa região a recuperar, reconstruir e prosperar”, sublinha a missão diplomática.
O anúncio do apoio australiano coincide com a aprovação pelos reguladores australianos, hoje, do uso na Austrália da vacina AstraZeneca – a mesma que será aplicada em Timor-Leste.
Essa autorização foi dada depois de “rigorosos processos de aprovação” que “incluíram avaliações da segurança, qualidade e eficácia da vacina”.
“A empresa biofarmacêutica CSL, com sede em Melbourne, vai fabricar a vacina AstraZeneca na Austrália”, segundo a missão diplomática.
Em concreto, o apoio australiano financiará, além das vacinas, advocacia, mobilização social e geração de procura, identificação das populações-alvo para a vacinação, implementação da campanha da vacina, gestão da cadeia de frio e monitorização e avaliação.
“Proporcionará igualmente acesso aos conhecimentos técnicos australianos através do Centro Nacional de Imunização, Investigação e Vigilância (NCIRS) e do regulador médico australiano, a Administração de Bens Terapêuticos (TGA).
Este apoio soma-se à contribuição de 80 milhões de dólares australianos (51,27 milhões de euros) que a Austrália fez ao mecanismo multilateral COVAX, através do qual Timor-Leste receberá doses suficientes para vacinar os primeiros 20% da população.
As primeiras vacinas desse lote inicial de 20% são esperadas no país no final deste mês, segundo o Governo, com o programa de vacinação a arrancar em abril, depois de serem concluídos os preparativos, a formação de equipas e uma campanha de informação.
O plano de vacinação aprovado pelo Governo, e a que a Lusa teve hoje acesso, prevê que a vacinação dos primeiros 20% da população – equipas da linha da frente e residentes de risco nas zonas da fronteira, entre outros – decorra até setembro.
A vacinação dos restantes 80% começará nessa altura, prolongando-se durante um tempo ainda não definido.
“A Austrália orgulha-se de ser um parceiro de Timor-Leste nas vacinas contra a covid-19, como parte do seu compromisso de apoiar o acesso a vacinas covid-19 seguras, eficazes e acessíveis para o Pacífico e o Sudeste Asiático”, nota a Embaixada.
O Governo australiano está já a trabalhar com o Ministério da Saúde e outros parceiros, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a UNICEF, no lançamento inicial da vacina.
A par do apoio na vacinação, e no quadro do Programa de Resposta da Austrália à covid-19, no valor de 304,7 milhões de dólares australianos (195,3 milhões de euros) Camberra dará um apoio adicional para responder ao impacto social e económico da pandemia em Timor-Leste e no Pacífico.
Timor-Leste receberá desse neste âmbito um total de 10 milhões de dólares australianos (6,4 milhões de euros), “através de apoio orçamental direcionado para apoiar programas de proteção social e estimular a atividade económica”.
O apoio na vacinação e resposta à covid-19, somam-se aos restantes programas em curso no âmbito da cooperação bilateral de desenvolvimento, que ascende a cerca de 100 milhões de dólares australianos (64,1 milhões de euros).
Timor-Leste tem atualmente 39 casos ativos da covid-19, tendo registado 102 desde o início da pandemia, todos assintomáticos ou com sintomas leves.
O país está em estado de emergência pelo 10.º período de 30 dias até pelo menos 03 de março, com uma cerca sanitária em vigor desde hoje nos municípios fronteiriços de Covalima e Bobonaro.