De acordo com a agência de notícias norte-americana, os analistas dizem que não é claro quanto tempo a Coreia do Norte vai levar a restaurar o local para realizar testes nucleares ou se pretende fazê-lo.
O local em Punggye-ri, no nordeste do país, foi usado para o seu sexto e último teste nuclear em 2017.
As imagens que revelam atividade de construção no local ocorreram num período de congelamento dos contactos diplomáticos, desde o colapso da segunda reunião entre Kim e o anterior presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em fevereiro de 2019, quando Washington rejeitou as exigências norte-coreanas de alívio das sanções, em troca de uma rendição parcial das suas capacidades nucleares.
A Coreia do Norte aproveitou a pausa nas negociações para expandir ainda mais as suas capacidades militares, incluindo a realização de nove lançamentos de mísseis, só em 2022.
Isto indica uma intenção de pressionar o Governo do atual Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que ofereceu negociações abertas, mas não mostrou disposição para ceder nas sanções.
Kim presidiu a uma reunião do Partido dos Trabalhadores, em janeiro, na qual membros do Politburo denunciaram a “hostilidade” dos EUA e emitiram uma ameaça velada de retomar os testes com explosivos nucleares e mísseis de longo alcance, que Kim suspendeu unilateralmente, em 2018, para criar espaço diplomático com Trump.
Alguns especialistas dizem que Kim está a reviver uma cartilha antiga de indisciplina, para extrair concessões de Washington e dos países vizinhos, enquanto enfrenta uma economia decadente, prejudicada pela pandemia, e persistentes sanções norte-americanas.
A nova construção em Punggye-ri foi descoberta, pela primeira vez, durante uma análise de imagens de satélite da Maxar Technologies, por Jeffrey Lewis e Dave Schmerler no James Martin Center for Nonproliferation Studies, no Middlebury Institute of International Studies.
Os analistas disseram que o trabalho de construção foi a primeira atividade que viram no local desde maio de 2018, quando a Coreia do Norte convidou um grupo de jornalistas estrangeiros para observar a destruição de túneis no local.
A Coreia do Norte não convidou, desde então, especialistas externos capazes de certificar o que foi destruído.
“Vemos sinais muito precoces de atividade no novo local, incluindo a construção de um novo prédio, reparo de outro prédio e o que possivelmente é madeira e serragem”, escreveram Lewis e Schmerler.
“A Coreia do Norte usa uma quantidade substancial de madeira no local, tanto para construções quanto para escoramento de túneis. Estas mudanças ocorreram nos últimos dias”, frisaram.
Os analistas disseram que o “local do teste está a muitos meses, se não anos, de estar pronto para a Coreia do Norte realizar ali explosões nucleares”.
“O tempo que a Coreia do Norte levaria para retomar os testes explosivos no local depende da extensão dos danos nos próprios túneis, algo que não sabemos com confiança. Também é possível que a Coreia do Norte retome os testes nucleares noutro local”, apontaram.
Alguns analistas sul-coreanos disseram que a Coreia do Norte poderia retomar os testes nucleares nos próximos meses para pressionar o Governo de Biden.
A avaliação anual dos serviços de inteligência dos EUA, publicada hoje, também alertou que a Coreia do Norte pode realizar novo teste nuclear este ano.
As armas testadas pela Coreia do Norte este ano incluem um suposto míssil hipersónico, projetado para evitar sistemas regionais de defesa antimísseis.
Alguns especialistas dizem que a Coreia do Norte pode usar outro teste nuclear para afirmar que adquiriu a capacidade de produzir uma ogiva nuclear pequena o suficiente para caber nesse míssil.