Num comunicado, a AstraZeneca afirma ter “respeitado totalmente” o contrato assinado com Bruxelas e espera ter “a oportunidade de resolver o litígio o mais rapidamente possível”, garantindo ainda estar preparada para entregar 50 milhões de doses até ao final do mês, “em conformidade com as previsões”.
A UE, pelo contrário, argumenta que a farmacêutica falhou, no primeiro trimestre do ano, a entrega de 30 milhões de vacinas a Bruxelas, dos 120 milhões prometidos contratualmente, sublinhando ainda que a AstraZeneca só irá conseguir entregar 70 milhões das 180 milhões inicialmente previstas para o segundo trimestre.
“As vacinas são difíceis de fabricar, como demonstraram os problemas encontrados por várias farmacêuticas na Europa e no mundo. Estamos a fazer progressos para ultrapassar os desafios técnicos e para que a nossa produção melhore”, argumentou o laboratório anglo-sueco.
A AstraZeneca, porém, precisa que demorará ainda algum tempo até que seja possível aumentar o número de doses para distribuição.
Por seu lado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, numa declaração avançada pelo porta-voz do Governo, reiterou também hoje o apoio à AstraZeneca, considerando a farmacêutica “uma parceira muito forte para o Reino Unido e para o mundo”.
“Constitui uma parte crucial de nosso programa de imunização e esperamos continuar a trabalhar com eles”, acrescentou Johnson.
A Comissão Europeia anunciou hoje que interpôs, na sexta-feira, uma ação judicial contra a AstraZeneca, por não ter respeitado o contrato de entrega de vacinas assumido com os Estados-membros da UE.
“A Comissão iniciou na sexta-feira passada uma ação judicial contra a empresa AstraZeneca, com base em violações do acordo de compra antecipada”, afirmou o porta-voz do executivo comunitário para a Saúde, Stefan de Keersmaecker, durante a conferência de imprensa diária da Comissão.
Segundo o porta-voz, a ação judicial foi interposta porque “alguns dos termos” do contrato negociado entre a AstraZeneca e a Comissão Europeia “não foram respeitados”, não tendo a farmacêutica em questão apresentado uma “estratégia credível para assegurar a entrega atempada de doses”.
“O que nos importa neste caso é assegurar que há uma entrega rápida de um número suficiente de doses a que os cidadãos europeus têm direito, e que foram prometidas com base no contrato”, sublinhou.
Reiterando assim que a Comissão Europeia interpôs a ação judicial “em seu próprio nome e no nome dos 27 Estados-membros” da UE, de Keersmaecker também referiu que todos os países estão “totalmente alinhados no apoio” à iniciativa lançada pela Comissão.