“Os presos políticos são sistematicamente torturados física e mentalmente e pelo menos 103 ativistas pró-democracia foram torturados até à morte em centros de interrogatório, a maioria nas primeiras 48 horas após a detenção”, disse a associação num relatório, citado pela agência espanhola EFE.
Segundo a organização não-governamental (ONG) birmanesa, que tem documentado os abusos da junta militar liderada pelo general Min Aung Hlain desde o golpe, os detidos são punidos com “violência física e mental” se as suas respostas não forem satisfatórias nos interrogatórios.
A associação disse também que 324 pessoas ligadas a supostos opositores da junta militar foram feitas reféns pelas forças de segurança desde o golpe, e que 270 delas continuam presas, incluindo crianças.
“Os riscos de detenção de crianças pequenas são profundos. Um rapaz de 2 anos com uma doença preexistente morreu numa prisão de Sittwe devido a negligência em fevereiro de 2022”, denunciou a ONG.
Segundo a mesma associação, pelo menos 12.875 pessoas foram presas ou feitas reféns para ameaçar um membro da família desde o golpe e 1.700 pessoas foram mortas pela repressão das forças de segurança.
A antiga Birmânia tem estado mergulhada numa profunda crise política, social e económica desde o golpe que pôs fim ao regime democrático e impôs a repressão violenta da dissidência, que exacerbou o conflito armado no país do Sudeste Asiático.
O exército justificou o golpe com uma alegada fraude durante as eleições gerais de novembro de 2020, em que a Liga Nacional para a Democracia (NLD) repetiu a vitória de 2015, em escrutínios validados por observadores internacionais.
A líder da NLD, Aung San Suu Kyi, 76 anos, está detida desde o golpe e já foi condenada a pelo menos seis anos de prisão, mas enfrenta outros processos que poderão prolongar a pena.
Antes de 2015, a galardoada com o Prémio Nobel da Paz em 1991 viveu 15 anos em prisão domiciliária, também após uma vitória do seu partido nas eleições de 1990.
Lusa