De acordo com uma nota de imprensa da Zero, a organização enviou a carta a António Costa a apelar ao Governo para que impeça a importação de gás natural e produtos petrolíferos a partir da Rússia enquanto durar a invasão da Ucrânia, porque "tem vindo a acompanhar, com extrema preocupação e consternação, a trágica situação que se tem vivido" naquele país e considera que a suspensão das importações "pode ajudar a acabar com a guerra na Ucrânia".
"Sabendo-se que o financiamento desta guerra está intimamente ligado às receitas provenientes da exportação de produtos petrolíferos por parte da Rússia, nomeadamente para Portugal, consideramos ser fundamental que o nosso país tome a atitude que se impõe, que é a suspensão o mais brevemente possível dessas importações", defenderam os ambientalistas.
Lembrando que em 2021 Portugal importou mais de 1,5 mil milhões de euros de combustíveis fósseis da Rússia, a Zero considerou inaceitável Portugal ter agravado a sua dependência do gás natural russo.
"No caso do gás natural e ao contrário do que seria recomendável, Portugal tem vindo a aumentar o consumo deste produto com origem na Rússia, sendo que em 2018 essa importação era inexistente, tendo passado a 3,2% do total do gás natural importado em 2019, aumentando para 8% em 2020 e chegando a 14,6% em 2021", salientou.
Para a ZERO, o crescimento da importação de gás natural a partir da Rússia "não é aceitável, face ao belicismo que tem vindo a caracterizar a política externa daquele país, ao arrepio do direito internacional".
"Para além do gás natural, também outros produtos petrolíferos continuam a ser importados por Portugal a partir da Federação da Rússia, já mesmo depois de ter sido iniciada a invasão da Ucrânia, o que consideramos lamentável", disse a organização ambientalista na mesma nota de imprensa.
A Zero defendeu, por isso, que "o discurso dos poderes públicos de solidariedade para com a Ucrânia tem de ser concretizado através de ações consequentes", nomeadamente através da suspensão da importação de produtos petrolíferos.
Segundo a Zero, a crise provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia "vem, pelos piores motivos, confirmar a urgência de Portugal adotar políticas energéticas sustentáveis através de fortes investimentos na eficiência energética e nas energias renováveis".
Lusa