Para o sacerdote, “é mais como uma espécie de ‘corrida de estafetas’ em que os atletas são diferentes e correm de maneira diferente, mas cada um dá o melhor de si, corre na mesma direção, quer fazer a melhor marca possível e transmite um testemunho que não foi ele que fabricou ou alterou”.
É neste contexto que, perante as preocupações do Papa Francisco em relação ao ambiente, aos direitos das minorias, aos refugiados, aos direitos das mulheres, dos idosos e dos mais jovens ou ao combate aos abusos de menores no seio da Igreja, a par de um caminho tendente à abertura aos novos tempos e às novas necessidades, o responsável pelo Opus Dei em Portugal é claro: “Não vejo que em nenhum desses pontos venha a haver reversão”.
Segundo o sacerdote, “cada pontificado traz consigo (…) um contributo próprio que é mais um passo no crescimento da Igreja” e, no caso de Francisco merecem destaque, entre outras características, “o retrato de Deus como bondade e ternura, rico em misericórdia; a valorização máxima das pessoas que tendemos a não valorizar, como os migrantes, os presos, os desfavorecidos, os doentes, os perseguidos, os pobres; o esforço incansável por envolver a todos na vida da Igreja”.
“O sonho de que cada um de nós encontre na Igreja alguém que nos acolha pessoalmente, acompanhe e integre; a proposta renovada da santidade ao alcance de todos a que chama a ‘santidade da classe média’ ou ‘santidade da porta ao lado’; a recuperação da confissão habitual como elemento normal da vida dos cristãos”, estão também entre os temas que o padre José Rafael Espírito Santo destaca na ação do atual Papa, na qual não esquece “o empenho concreto por levar a cabo a reforma da Cúria, desejada já pelos seus antecessores; a continuação do combate inflexível ao flagelo dos abusos; a valorização do papel insubstituível da mulher na Igreja; a consciencialização da necessidade do cuidado da natureza como dom de Deus”.
Este caminho do Papa Francisco tem provocado reações negativas dos setores considerados mais conservadores na Igreja, havendo mesmo quem aponte para o risco de um possível novo cisma.
Perante esta questão, o líder do Opus Dei em Portugal diz ser natural que se sinta “tristeza e preocupação perante vários sinais de agitação e protesto, de várias proveniências, que assolam a vida da Igreja, com mais ou menos intensidade”.
“Mas, ao mesmo tempo, é muito grande a confiança de que a Igreja poderá continuar o seu caminho, pois o Espírito Santo não a abandona e vai realizando o seu trabalho misteriosamente. Disse bem o Papa Francisco em janeiro deste ano: ‘A solução para as divisões não é opor-se a alguém, porque a discórdia gera mais discórdia. O verdadeiro remédio começa pelo pedir a Deus a paz, a reconciliação, a unidade’”, afirma.