Juan Carlos Montesinos falava durante uma conferência de imprensa em que a Aliança pela Segurança Agroalimentar da Venezuela (ASAV), precisou que a falta local de gasóleo tem “impedido abastecer os camiões, para transportar os alimentos desde as unidades de produção” até aos centros de consumo.
“Perto de 20 mil toneladas de alimentos perdem-se semanalmente no país, devido à falta de gasóleo”, explicou o diretor da ASAV, Alexis Algarra, precisando que na Venezuela 75% dos camiões que fazem o transporte de alimentos funcionam com aquele tipo de combustível.
Por outro lado, explicou que como não é possível fazer o transporte até aos centros de distribuição, “as prateleiras (dos estabelecimentos comerciais) em muito pouco tempo ficarão vazias”.
“Todos as categorias de alimentos estão afetadas (…) no setor de produção de leite estão perdendo 3 milhões de litros diários”, frisou.
Segundo Alexis Algarra, além do transporte, também os sistemas de rega e mecanização da terra, dependem do gasóleo.
Por outro lado o presidente da AVAF, Juan Carlos Montesinos, sublinhou que pelo menos 15 mil, dos 25 mil tratores usados na agricultura, estão paralisados e a produção deste ano de milho e de arroz está em risco, porque apenas 10% dos campos estão cultivados.
O presidente da AVAF denunciou que nos Estados venezuelanos de Táchira, Mérida e Trujillo (sudoeste do país) um litro de gasóleo custa 1 dólar (0,84 euros), o que tem feito aumentar quase 60% o preço das verduras nos mercados regionais e “não dá rentabilidade”.
“Os preços vão continuar subindo, sobretudo as hortaliças, frutos, tubérculos e verduras. Estimamos que em 15 dias se sentirá a escassez no abastecimento de hortaliças, frutas, em produtos lácteos e peixe (…) mas já em alguns lugares do país, nas feiras de verduras, se observa que faltam algumas categorias”, frisou.
Na Venezuela, são frequentes as queixas da população sobre dificuldades para conseguir combustível, principalmente a gasolina, que por insuficiente produção local é importada do estrangeiro.
No entanto, é a primeira vez que se regista alta escassez de gasóleo, desde há várias semanas, o que tem ocasionado longas filas de camiões junto das estações de abastecimento de combustível, ao longo do país.
O Governo venezuelano atribui a situação às sanções impostas pelos Estados Unidos contra Caracas e a oposição acusa o Presidente Nicolás Maduro de estar enviando o escasso gasóleo para Cuba e de não promover os investimentos necessários para aumentar a produção local.