Num comunicado, a diretora-geral do OLAF, Ville Itälä, frisa que tem “ouvido muitos relatórios de impostores a oferecem vacinas a Governos em toda a UE”, fazendo-se “falsamente” passar por representantes de “empresas legítimas” e “alegando ter na sua posse, ou ter acesso, a vacinas”.
Sublinhando que este tipo de ofertas “pode adquirir várias formas” – da “entrega de exemplares de oferta para garantir o primeiro pagamento, e depois desaparecer com o dinheiro” à “entrega de lotes de vacinas falsas” – Ville Itälä, refere que todas elas têm um elemento em comum: “são falsas”.
“São embustes organizados para defraudar as autoridades nacionais que procuram aumentar o ritmo da vacinação para manter os seus cidadãos seguros. Devem ser travadas o mais rapidamente possível”, salienta a diretora-geral do OLAF.
Nesse âmbito, Itälä refere que o OLAF “adicionou um nível suplementar” à sua investigação atual sobre “produtos falsos de proteção contra a Covid-19”, com o objetivo de “combater o comércio ilícito de vacinas para a Covid-19”.
Segundo a responsável, este comércio ilícito pode estar “possivelmente a ser levado a cabo através da importação ilegal [de vacinas] para a UE” ou através da “comercialização de medicamentos fraudulentos”.
“Iremos partilhar ativamente a informação que recebemos sobre estas tentativas de fraudes com os nossos parceiros na UE, nos Estados-membros e no mundo. Iremos trabalhar com eles para contrariar estes embustes e ajudar as autoridades a determinar a verdadeira identidade dos indivíduos e das empresas por detrás destas tentativas, que põem em risco a vida humana e as finanças públicas num tempo de grande dificuldade”, lê-se no comunicado.
O alerta do Organismo Europeu de Luta Antifraude surge após, na sexta-feira passada, o portal de notícias Euractiv ter publicado uma notícia que citava declarações do primeiro-ministro checo, Andrej Babis, segundo as quais a farmacêutica AstraZeneca teria proposto uma compra paralela de vacinas ao seu Governo.
No artigo, Babis referia que, “enquanto a AstraZeneca se recusou a entregar 80 milhões de doses à UE”, a República Checa e outros três Estados-membros da UE “receberam ofertas recorrentes desta vacina” através de um “intermediário no Dubai”.
“Acreditem em mim, teríamos definitivamente aproveitado esta oportunidade se tivesse sido realista. Mas não temos esse dinheiro. E, claro, temos acordos europeus e temos de respeitá-los”, disse Babis segundo o Euractiv.
Em resposta, a farmacêutica AstraZeneca rejeitou as declarações do primeiro-ministro checo, sublinhando que “se alguém oferece vacinas privadas, é provavelmente fraude, devem ser rejeitas e reportadas às autoridades nacionais”.
Nesse mesmo dia, perante estes relatos, a Comissão Europeia alertou para o risco de compras de “vacinas fraudulentas” pelos Estados-membros.
“Toda a gente deveria ser extremamente cautelosa quando falamos de vacinas, porque se trata de injetar uma substância ativa dentro do corpo humano. Por isso, é preciso ter 100% de certeza de que os canais que se usam para comprar vacinas são completamente transparentes e legítimos”, sublinhou o porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer.