Em declarações aos jornalistas à entrada para o Juízo Central Criminal de Lisboa, onde arranca hoje o julgamento, Jorge Pracana enfatizou a necessidade de “procurar a verdade” no caso que envolve João Carreira.
O advogado lembrou também que o jovem de 19 anos – que está acusado de dois crimes de terrorismo (um dos quais na forma tentada) e de um crime de detenção de arma proibida – foi detido em casa, sem ter levado a cabo o ataque.
“Entendo que não [haveria ataque], ele já tinha sido adiado várias vezes”, defendeu o advogado, acrescentando: “Aquilo que for decidido será decidido com certeza a bem de todos nós, porque todos nós temos filhos, somos pais e poder-nos-ia acontecer qualquer coisa deste género. E importa saber realmente o que é que ia acontecer”.
Jorge Pracana pediu para o julgamento ser realizado à porta fechada, aguardando ainda uma decisão do tribunal sobre esta questão. Questionado sobre as razões desse pedido, o mandatário do jovem justificou-se com a vontade de preservar o futuro do arguido.
“Temos um jovem de 18 anos a quem quero garantir um futuro com alguma estabilidade, sem prejudicar o vosso direito a informar, mas entendo assim. Ainda não tenho despacho e há que aguardar o que o senhor juiz vai decidir”, observou, sem deixar de notar que João Carreira “tem a vida pela frente” e que a “comunidade já reconheceu a necessidade de lhe dar uma oportunidade e não o marcar com um carimbo para toda a vida”.
O advogado sublinhou também que o jovem estava calmo na última vez que o viu “há uns dias” e que continua em internamento preventivo no Hospital Prisional de Caxias.
Jorge Pracana deixou críticas à atuação da Polícia Judiciária aquando da detenção e visou o diretor nacional da instituição, Luís Neves.
“Depois daquela célebre conferência de imprensa do diretor nacional da Polícia Judiciária, não posso responder mais do que isto… Se há aqui algum empolamento começou pela investigação logo no início”, disse referindo-se ao facto de a PJ ter informado divulgado a detenção.
“Só estou a falar a nível da detenção, porque se não tivesse sido aquela conferência de imprensa ninguém sabia de nada”, afirmou.
Confrontado se o caso de uma ameaça de ataque terrorista a uma faculdade devia ser ocultado da sociedade, Jorge Pracana rejeitou essa visão, mas remeteu mais comentários para quando chegar o momento de fazer alegações.
“Uma questão é esconder, outra é no momento em que nada há e felizmente não houve nenhum ato e a pessoa estava em casa, portanto, porquê?”, questionou, finalizando: “Não acho que seja possível nem desejável esconder. O que estou a dizer é que não era necessário criar um alarme com aquela dimensão quando, afinal, se veio a apurar agora todo um conjunto de circunstâncias que, se calhar, não justificavam aquilo naquela altura”.