“Desde que há PPCIRA [Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistências a Antimicrobianos] estamos sempre a subir. Veio dos 50% sempre a subir, mas subia devagarinho. Em 2020 a alavancagem foi muito grande”, referiu o diretor do Programa, José Artur Paiva.
De acordo com o responsável, 2020 “foi o primeiro ano” em que a taxa de adesão ultrapassou os 80%, mais concretamente “em cada 100 vezes em que o profissional de saúde foi ao doente com intuito clínico, mais de 82 vezes fez a higiene das mãos de forma correta”
O PPCIRA é um programa da Direção-Geral da Saúde (DGS) criado em 2013.
Os dados de 2021 estão a ser trabalhados.
Neste campo, o objetivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) é chegar aos 90% de adesão.
“O que o PPCIRA tem de fazer, e está a fazer, é sustentar esses ganhos. Tenho esperança que a crise pandémica tenha contribuído para uma mudança comportamental. Se continuarmos agora a subir assim vamos chegar aos 90% em pouco tempo”, disse o também cocoordenador da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a covid-19.
Estes dados resultam de avaliações observacionais não avisadas, ou seja auditorias feitas a equipas de profissionais de saúde no ativo.
À Lusa, José Artur Paiva, que chama ao procedimento higiene das mãos “altruísta”, salvaguardou que as práticas anteriores aconteciam “não por mal”, mas “muito por solidariedade entre colegas ou a pensar no doente”.
“O dar uma mãozinha ou a vontade de agilizar processos”, comentou, considerando “muito importante que o hábito não caia” e que estes dados “correspondam a uma mudança comportamental”.
“O que mudou não foi o processo, mas sim o profissional”, sintetizou.
O PPCIRA segue uma estratégia multimodal de precauções básicas de controlo de infeção, sendo que entre os 10 itens do programa sobressaem a higiene das mãos e o uso correto das luvas.
“Isto é o tijolo de tudo o resto. Não vale a pena lidar bem com tubos e cateteres se não tivermos o básico. Há uma probabilidade menor das infeções hospitalares serem frequentes”, frisou.
José Artur Paiva, que é diretor de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), admitiu que “quando se pensa em infeções hospitalares pensa-se em precauções básicas de controlo de infeção”, o que inclui a higiene das mãos, da roupa, dos aparelhos, cama, superfícies.
Somam-se as precauções baseadas nas vias de transmissão associadas à forma como os vírus se transmitem como a via oral no que diz respeito à covid-19.
Já por precauções associadas ao procedimento entenda-se, por exemplo, o ato de meter um tubo na garganta para ventilar os pulmões que deve ser feito da forma que leve o mínimo de baterias da boca até ao pulmão.
“Esta é uma cascata que só funciona se a primeira base existir. Posso meter uma equipa fabulosa a meter cateteres, mas se alguém for tocar no doente sem ter higienizado as mãos, não adianta de nada”, concluiu o especialista.
Paralelamente, o PPCIRA lançou em dezembro, a campanha ‘e-Bug’ que visa colocar nos conteúdos programáticos do 1.º, 2.º e 3.º Ciclos questões ligadas às proteções básicas de higiene.
“O objetivo é que as crianças disseminem a mensagem dentro de casa. Os conteúdos estão focados na higiene das mãos e na etiqueta respiratória.
A ‘e-Bug’ resulta de uma parceria entre a DGS, a Direção-Geral da Educação, e o Instituto de Saúde Pública da Noruega com financiamento das EEA Grants.
Lusa